On The Boulevard des Capucines

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terça-feira, março 25, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 8)

Sem enrolação, né?


30.
"Vive L'Amour", de Tsai Ming-Liang
(Taiwan, 1994)

Tsai Ming-Liang é o melhor (o melhor sim!) diretor da atualidade. Ele é uma espécie de Michelangelo Antonioni dos anos 2000: um novo poeta da incomunicabilidade em um novo mundo de solidão. Brilhante!

29.
"Ouro e Maldição", de Erich Von Stroheim
(EUA, 1924)

Apesar de o filme ser de 1924, apenas há pouco tempo, em 1999, recuperou sua integridade. "Ouro e Maldição" foi arrancado de seu diretor por produtores gananciosos (o título original, em Inglês, é 'Greed') e mutilado. Depois de ver, recentemente, e no cinema, a obra - quase - completa, não restam dúvidas sobre quem tinha razão.

28.
"Ran", de Akira Kurosawa
(Japão/França, 1985)

Akira Kurosawa é o melhor diretor oriental de todos os tempos. Principalmente para nós, ocidentais. E porque ele quebrou as antigas tradições japonesas, misturou as culturas e fez obras universais. Esse drama 'shakespeariano' de olhos puxados é soberbo.

27.
"Os Desajustados", de John Huston
(EUA, 1961)

A direção é de John Huston. O roteiro, de Arthur Miller. E ainda Clark Gable, Montgomery Clift e - que surpresa! - Marilyn Monroe na melhor interpretação de sua carreira (e das melhores da história do cinema). Tão boa que causou até um ataque do coração em Clark Gable, que morreu logo depois de terminar o filme...

26.
"Fantasia", de Walt Disney
(EUA, 1940)

A obra máxima de Walt Disney, e que revela muito de sua personalidade. Um balé de imagens e sons (em certos casos, o lugar comum diz tudo, não é?) na mais ousada união entre as artes da música e do cinema.

25.
"M - O Vampiro de Dusseldorf", de Fritz Lang
(Alemanha, 1931)

Fritz Lang faz parte de meu "quinteto mágico", ao lado de David Wark Griffith, Sergei Eisenstein, Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick. Em "M", o seu primeiro filme sonoro, o mestre ensina como incorporar o som, tão criticado som, dentro da escrita cinematográfica. Genial.

24.
"O Piano", de Jane Campion
(Austrália/Nova Zelândia/França, 1993)

Jane Campion transborda amor em seu melhor trabalho. "O Piano" é um filme emocionalmente intenso, de ponta a ponta, em cada cenda, em cada seqüência. Para mim, foi uma provação...

23.
"São Paulo S.A.", de Luís Sérgio Person
(Brasil, 1965)

Eu já declarei aqui mesmo que Walmor Chagas é o Marlon Brando brasileiro. O filme de Luís Sérgio Person (para quem não sabe, pai da linda Marina Person) deu um sotaque paulistano e industrial a "Um Bonde Chamado Desejo".

22.
"Contatos Imediatos do Terceiro Grau", de Steven Spielberg
(Estados Unidos/Inglaterra, 1977)

Steven Spielberg era um ingênuo. Era ingênuo em acreditar em alienígenas legais e em deixar um pai abandonar a família só para passear em discos voadores. Mas que linda era sua ingenuidade... Da época de ouro de seu cinema, sobrou apenas o talento, no auge em "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".

21.
"Aurora", de Friedrich Wilhelm Murnau
(EUA, 1927)

Os críticos dizem que Fritz Lang é o arquiteto do expressionismo alemão. E que Murnau é o poeta. Compare "M - O Vampiro de Dusseldorf" (número 25 de minha lista) com "Aurora" (o número 21) e veja que, sim, a tese faz algum sentido. Os dois filmes estão disponíveis para locação em minha DVDteca. :)


Encerro mais essa parte dizendo "faça você mesmo a comparação". Sobre alguns filmes eu falo muito pouco. Sobre outro, muito menos. Fique curioso e fale comigo. Ou melhor... Veja os filmes! Eu empresto a preços módicos.

Até breve!


(Trilha Sonora: Yes - Fragile)

sábado, março 22, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 7)

Coisa séria. Melhor ir direto ao assunto...


40.
"A Maçã", de Samira Makhmalbaf
(Irã/França, 1998)

Sou defensor do cinema iraniano, que considero subestimado. Sua hegemonia - a partir da década de 90 - revelou um movimento único, espontâneo, e que bebeu na fonte aberta por Jean Renoir, de onde jorrou todo o cinema moderno. Para escolher um título, fico com a formidável estréia de Samira Makhmalbaf, a filha (princesa) de Mohsen Makhmalbaf, então com apenas 21 anos.

39.
"Plataforma", de Jia Zhang-Ke
(China/Hong Kong/Japão/França, 2000)

Alguma dúvida que o melhor do cinema atual vem lá da Ásia? A China cresce e aparece. Cresce na economia e aparece com obras de arte como "Plataforma", um épico sobre um grupo mambembe de teatro em momentos de profundas mudanças sociais.

38.
"O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco
(Brasil/EUA, 1985)

Um cineasta argentino radicado no Brasil adapta o romance escrito por Manuel Puig: dois prisioneiros, companheiros de cela, em um presídio desses que conhecemos bem criam fantasias para escapar da realidade. Em raros momentos a América Latina produziu, no cinema e nas artes em geral, obra tão bela.

37.
"Moulin Rouge - Amor em Vermelho", de Baz Luhrmann
(Austrália/EUA, 2001)

O meu papo sobre a 'sustentabilidade do cinema como arte para as próximas gerações' tem tudo a ver com a aproximação com o público jovem, e de forma natural. Alguém faz isso melhor que o diretor Baz Luhrmann? E melhor que "Moulin Rouge"?

36.
"Cantando na Chuva", de Stanley Donen e Gene Kelly
(EUA, 1952)

A ruptura brusca (é a mais brusca da história da humanidade: morte e vida em menos de dois anos) do cinema mudo para o sonoro acabou com a carreira de muita gente. Mas rendeu "Cantando na Chuva". São quase duas horas de felicidade plena no melhor musical já feito. Remédio contra qualquer depressão.

35.
"Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci
(França/Inglaterra/Itália, 2003)

Uma ode ao cinema. Um filme saudosista para o bem, mas também amargo. "Os Sonhadores" (em outros países recebeu o título de "Os Inocentes", mas não no sentido legal, jurídico da palavra) é a utopia de Bernardo Bertolucci, olhando de volta para os anos 60 para compreender um pouco mais os turbulentos anos 2000.

34.
"Rocco e Seus Irmãos", de Luchino Visconti
(Itália/França, 1960)

Anton Tchecov, escritor e dramaturgo russo, autor de “Tio Vânia”, dizia que 'quem canta a sua aldeia, canta o mundo'. Luchino Visconti cantou a Itália dos pescadores sicilianos, a Itália da aristocracia e, claro, a Itália de famílias como a de Rocco e de seus irmãos.

33.
"Blade Runner - O Caçador de Andróides", de Ridley Scott
(EUA/Cingapura, 1982)

A década de 80 não seria a mesma sem "Blade Runner", dos maiores cult-movies de todos os tempos - apesar (e por causa) de seu reconhecimento tardio. Uma ficção científica daquelas com questões que nada têm a ver com ficção.

32.
"O Homem que Matou o Facínora", de John Ford
(EUA, 1962)

Print the legend! John Ford e John Wayne, juntos mais uma vez. E agora, de quebra, com James Stewart. Eu não preciso falar mais nada. Quando lendas são transformadas em fatos (ou unidas em filme), fique com a lenda. Esse filme é uma lenda.

31.
"Platoon", de Oliver Stone
(Inglaterra/EUA, 1986)

Realizadores de muitos filmes de guerra optam por manter uma certa distância ideológica, por sublimar a realidade, transformá-la em contos de heroísmo. Ou optavam. Até Oliver Stone romper com a escrita e mergulhar de corpo e alma no horror e na irracionalidade dos combates no Vietnã.


No próximo fim de semana (ou em breve), os 30 melhores filmes de todos os tempos.


(Trilha Sonora: Ana Cañas - Amor e Caos)

quinta-feira, março 20, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 6)

Chegamos ao Top 50! Eu acho - acho - que aqui há pouco espaço para discussão. São todos grandes filmes, para aplaudir de pé. Mas como não estamos falando de matemática, o resultado não é previsível... A frase "são todos grandes filmes" é apenas um fruto desse meu olhar altamente subjetivo. Palpite! Estamos na reta final.


50.
"Cães de Aluguel", de Quentin Tarantino
(EUA, 1992)

Quentin Tarantino apareceu como um cineasta independente, ganhou o mainstream e moldou uma boa parte da nossa cultura pop. E tudo começou com "Cães de Aluguel", seu melhor filme.

49.
"Johnny Guitar", de Nicholas Ray
(EUA, 1954)

O mestre François Truffaut disse: "se você não gostou de 'Johnny Guitar', por favor deixe de ir ao cinema". Difícil discordar diante do lirismo de Nicholas Ray em um faroeste que escapa de qualquer um dos clichês do gênero.

48.
"Ben-Hur", de William Wyler
(EUA, 1959)

O maior de todos os épicos. Uma das primeiras versões do filme, de 1925, já era impressionante. Essa versão, de 1959, segue na mesma toada. É sempre bom lembrar que não havia computação gráfica naquela época. E que o saldo da corrida de quadrigas (não são bigas não!) foi um único corte no queixo de um dublê.

47.
"O Gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene
(Alemanha, 1920)

O filme que inaugurou o expressionismo alemão é também o filme que ajudou o cinema a conquistar o título de 'arte', para ser chamado de 'sétima arte'. A era da 'curiosidade científica' ficava definitivamente para trás.

46.
"A Rosa Púrpura do Cairo", de Woody Allen
(EUA, 1985)

A homenagem romântica de Woody Allen ao cinema (e exatamente por isso) é a minha homenagem ao diretor americano. Dos poucos gênios que ainda temos o prazer de ver em atividade.

45.
"Gêmeos, Mórbida Semelhança", de David Cronenberg
(Canadá/EUA, 1988)

Sou fã de David Cronenberg desde que ele era conhecido apenas como um mero entusiasta do 'gore'. Eu via mais. Via uma busca pela compreensão dos limites do corpo humano ou somente o fascínio pela sua imperfeição. Destaque para a interpretação de Jeremy Irons, das melhores de todos os tempos.

44.
"Taxi Driver", de Martin Scorsese
(EUA, 1976)

Uma fábula moderna sobre um homem em busca de redenção. Apesar de o caminho trilhado ser o da violência (justificada ou não), o final é uma benção. By the way, tema comum na filmografia de Martin Scorsese. Repare.

43.
"Ladrões de Bicicleta", de Vittorio De Sica
(Itália, 1948)

A estética do expressionismo alemão de Caligari é a ética do neo-realismo italiano de Antonio Ricci, o personagem central de "Ladrões de Bicicleta". A câmera (sem filtros contra a realidade) foca no homem comum e seus problemas do dia-a-dia em um mundo desfacelado pela guerra.

42.
"Pacto Sinistro", de Alfred Hitchcock
(EUA, 1951)

Um homem ordinário em uma situação extraordinária. E vem a lembrança da ordem de nossos pais de nunca falar com estranhos... Sensações que só Alfred Hitchcock consegue despertar. Quase morri do coração na seqüência final.

41.
"2046", de Wong Kar-Wai
(China/França/Alemanha/Hong Kong, 2004)

Wong Kar-Wai é dos grandes diretores do momento. Seu esmero visual (ele roubou as cores de Pedro Almodóvar não?) atinge o auge: realidade e ficção em uma história de amor atemporal. A andróide que sofre de 'delay' é das coisas mais fofas que já vi.


Agora falta bem pouquinho. O que será que vem por aí?


(Trilha Sonora: Hungry Lucy - To Kill A King)

sábado, março 15, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 5)

Bem-vindo ao meio da lista! A frase pythonesca anuncia que iremos hoje de 60 a 51. E aí? Estão ansiosos? :)


60.
"Hello Hemingway", de Fernando Pérez
(Cuba, 1990)

Ernest Hemingway, americano, morou por muito tempo em Cuba, logo após a Segunda Guerra Mundial. E o escritor, sem querer, vira a única chance de futuro para uma garota genial. Um drama real até demais, daqueles sem final feliz.

59.
"Matar ou Morrer", de Fred Zinnemann
(EUA, 1952)

O principal comentário sobre o filme sempre foi sua narrativa, em tempo real. É pouco. Além da técnica, o relógio caminha para colocar o espectador na pele do xerife Will Kane, interpretado por Gary Cooper. Para suar frio.

58.
"Hair", de Milos Forman
(Estados Unidos/Alemanha, 1979)

Relações familiares, amizade, amor, sexo, drogas, violência, moda, atitude, comportamento, responsabilidade, poder. Em um musical brilhante, tudo o que vivemos durante nossa jornada em direção ao (chato) mundo dos adultos.

57.
"A Mulher Faz o Homem", de Frank Capra
(EUA, 1939)

Frank Capra é um dos grandes diretores americanos, de todos os tempos (apesar de ter nascido na Itália). Dos raros cineastas a estampar os títulos de seus filmes. Mas seu otimismo exagerado sempre me incomodou. Em "A Mulher Faz o Homem", o tal otimismo exagerado existe - na pele de James Stewart, excepcional. Só que parece fazer mais sentido, estar mais equilibrado.

56.
"O Discreto Charme da Burguesia", de Luis Buñuel
(França/Itália/Espanha, 1972)

Luis Buñuel era um anarquista ou um moralista? Os ataques contra as instituições (principalmente a Igreja) fizeram a história do surrealismo, um movimento artístico que teve o cinema como um de seus pilares.

55.
"Clube da Luta", de David Fincher
(EUA/Alemanha, 1999)

Um filme que diz muito sobre o mundo de hoje, imerso em violência e insanidade. Mais um exemplo de como o cinema reflete os ânimos, os anseios e os medos de um país. Um sinal dos novos tempos.

54.
"Zoo - Um Z e Dois Zeros", de Peter Greenaway
(Inglaterra/Holanda, 1985)

Peter Greenaway é mais do que um cineasta. É um artista 'multimídia', que usa o cinema como um de seus suportes. Natural que ele seja tão inquieto em relação aos limites da linguagem cinematográfica. Suas obras são espetáculos visuais que não devem nada para as obras de arte que encontramos nos museus.

53.
"A Última Sessão de Cinema", de Peter Bogdanovich
(EUA, 1971)

Peter Bogdanovich sabe tudo de cinema. Nos ombros de gigantes, realizou um filme que retrata o fim de uma era, expresso na morte lenta de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. É o fim da esperança, o fim dos sonhos...

52.
"Luzes da Cidade", de Charles Chaplin
(EUA, 1931)

Um vagabundo e uma florista cega. "Luzes da Cidade" pode ser considerado o ápice do cinema mudo, do cinema puro (apesar de, na época, o cinema sonoro já estar plenamente estabelecido). É o mais lindo romance jamais filmado.

51.
"Fitzcarraldo", de Werner Herzog
(Alemanha/Peru, 1982)

Os personagens de Werner Herzog são todos loucamente obsessivos. E isso é um reflexo de sua própria personalidade. "Fitzcarraldo" é um filme maior que o cinema. Uma obra de ficção maior que a realidade. Impressionante.


Bem-vindo ao fim do meio da lista! Daqui para frente é ladeira abaixo.

(Trilha Sonora: Dixie Chicks - Taking the Long Way)

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 4)

Eu sei. Estou atrasado. Mas vocês sabem como é a vida. Antes de partir para mais uma parte da minha lista, gostaria de dividir com todos as críticas que recebi pela colocação de "E O Vento Levou". Foram algumas várias (algumas só, na verdade). E desconfio que vem mais bronca por aí... Continuem de olho.


70.
"Casablanca", de Michael Curtiz
(EUA, 1942)

Se "E O Vento Levou" é sinônimo de cinema, o que podemos dizer de "Casablanca"? É o maior de todos os clássicos. E para ser um clássico é preciso, entre outras coisas, ser imune ao tempo. Em 2008, "Casablanca" segue firme e forte.

69.
"Kadosh", de Amos Gitai
(Israel/França, 1999)

Amos Gitai é um dos maiores diretores da atualidade. Israelense de olhar ácido, é uma espécie de 'ovelha negra' no país. Basta um olhar mais cuidadoso em "Kadosh" para entender o porquê.

68.
"Os Inocentes", de Jack Clayton
(Inglaterra, 1961)

Elegância. Uma palavra bem estranha quando estamos falando de um filme de terror. Mas sobra elegância em "Os Inocentes", da direção sutil de Jack Clayton à atuação intensa de Deborah Kerr. O filme é tudo o que o recente "Os Outros", de Alejandro Amenábar, com Nicole Kidman, gostaria de ser...

67.
"O Inventor da Mocidade", de Howard Hawks
(EUA, 1952)

Howard Hawks está entre os grandes do cinema americano (apesar de um reconhecimento tardio que - vejam só - veio da França e do time da Nouvelle Vague). Ele fez um pouco de tudo, de dramas a faroestes. Esta comédia cheia de macaquices, além de Hawks, tem um inspiradíssimo Cary Grant e, para fechar com chave de ouro, um show de Marilyn Monroe.

66.
"Os Eleitos", de Philip Kaufman
(EUA, 1983)

A história da conquista do ar e do espaço é também a história das descobertas, a história da tecnologia, a história da aventura do homem na Terra. No meio de tudo isso, captura com precisão e bom humor o mood dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.

65.
"Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos
(Brasil, 1963)

O filme é até hoje a melhor adaptação literária já realizada pelo cinema brasileiro. Uma obra-prima nas páginas de Graciliano Ramos, uma obra-prima na câmera de Nelson Pereira dos Santos. Um marco nas telas.

64.
"Europa", de Lars Von Trier
(Dinamarca/Suécia/França/Alemanha/Suíça, 1991)

Antes de ser (também) um mestre da auto-propaganda, Lars Von Trier é (também) um excelente diretor. Em "Europa" ele mostrou ao mundo como alguém pode pagar caro por viver em cima do muro. O poder da opinião contra o poder da manipulação.

63.
"Mississipi em Chamas", de Alan Parker
(EUA, 1988)

Um olhar estrangeiro sobre a questão racial nos Estados Unidos. Alan Parker, um inglês de Londres, fez de uma história real um panfleto global pela tolerância.

62.
"Asas do Desejo", de Wim Wenders
(Alemanha/França, 1987)

Wenders (ao lado de Fassbinder e Herzog) foi um dos responsáveis pelo renascimento do cinema alemão. Em "Asas do Desejo" o amor fascina os anjos. Quem somos nós para discordar? Resta a nós a fascinação...

61.
"Amores Brutos", de Alejandro González Iñárritu
(México, 2000)

O cinema mexicano virou produto de exportação, liberado para pular os muros da fronteira com os Estados Unidos. E a parceria entre o diretor Iñárritu e o escritor Guillermo Arriaga, que começou com "Amores Brutos" (depois vieram "21 Gramas" e "Babel"), é o mais bem-sucedido de todos.


A coisa está ficando séria. Em breve entraremos nos Top 50, com filmes, acho eu, acima do bem e do mal. Veremos.


(Trilha Sonora: Smoosh - She Like Electric)

sábado, março 08, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 3)

Caminhando e cantando e seguindo a canção chegamos a mais uma parte da Lista Mário Reys dos 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos. Agora, vamos de 80 a 71.


80.
"Down By Law", de Jim Jarmusch
(EUA/Alemanha, 1986)

I scream. You scream. We all scream for ice cream. O cinema americano independente - já comentado aqui nessa lista - é o cinema de Jim Jarmusch. E a alma do cinema de Jim Jarmusch é "Down By Law", que no Brasil recebeu o título "Daunbailó". Vai saber...

79.
"Z", de Constantin Costa-Gavras
(França/Argélia, 1969)

Costa-Gavras ficou conhecido no cenário internacional por esse filme, que ataca ferozmente a "Ditadura dos Coronéis", na Grécia, e que seria abolida alguns anos depois, em 1973. O seu cinema é a sua arma. Câmera em punho!

78.
"Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", de Mike Nichols
(EUA, 1966)

Adaptação da peça de Edward Albee, com Elizabeth Taylor e Richard Burton nos papéis principais. Na época, Mike Nichols já era um grande diretor de teatro. Sua transição para o cinema foi fantástica. A estréia fora dos limites do palco, com "Virginia Woolf", continua sendo seu melhor momento.

77.
"Além da Linha Vermelha", de Terrence Malick
(EUA/Canadá, 1998)

Um filme de guerra 'existencialista', com foco no homem comum, no soldado raso. Outros cineastas já fizeram isso. Mas ninguém chegou perto da poesia que Terrence Malick conseguiu extrair do medo, da insegurança, da impotência... Brilhante.

76.
"Era Uma Vez no Oeste", de Sergio Leone
(EUA/Itália, 1968)

O western-spaghetti em seu ápice. A história é de Dario Argento e Bernardo Bertolucci. O roteiro e a direção, de Sergio Leone. A fotografia, de Tonino Delli Colli. A trilha sonora, de Ennio Morricone. Esse time de gênios não poderia ter feito nada além de um filmaço, que não deve nada aos faroestes americanos.

75.
"E O Vento Levou", de Victor Fleming
(EUA, 1939)

"E O Vento Levou" é um filme que - de tão magistral em sua concepção e de tão enorme repercussão - virou um 'sinônimo de categoria' (por categoria entenda o próprio cinema). A produção é um marco da era de glórias do 'studio system'.

74.
"Short Cuts", de Robert Altman
(EUA,1993)

Sua estrutura narrativa não era nenhuma novidade. Mas andava assim, meio esquecida. A partir de "Short Cuts" vimos uma enxurrada de filmes nesse mesmo estilo, de "Pulp Fiction" a episódios dos Simpsons, quase como uma brincadeira de 'siga o mestre'. Robert Altman moldou parte importante do cinema contemporâneo.

73.
"A Missão", de Roland Joffé
(Inglaterra, 1986)

Sabe quando tudo parece dar certo? Pois é. "A Missão", que parte da selvageria da colonização da América do Sul para tratar - entre outros temas - do longo e tortuoso caminho da redenção, é um filme que beira a perfeição.

72.
"Cléo das 5 às 7", de Agnés Varda
(França/Itália, 1962)

Cléo acaba de realizar alguns exames médicos. E está esperando - com medo - os resultados. Espera por duas horas, das 5 às 7. Um recorte banal do cotidiano de todos nós. Como já disseram por aí, simples como a vida deveria ser...

71.
"O Silêncio dos Inocentes", de Jonathan Demme
(EUA, 1991)

Alguém lembra de onde veio a moda de serial killers que invadiu o cinema nos últimos anos? Veio de "O Silêncio dos Inocentes", ainda hoje um dos únicos filmes do gênero que realmente presta para alguma coisa. E entre os que presta, é de longe o melhor. Coisa de gente grande.


That's all folks! Durante a semana, mais dez filmes. Até!


(Trilha Sonora: My Brightest Diamond - Bring Me The Workhorse)

terça-feira, março 04, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 2)

Estamos de volta para a segunda parte de minha tão aguardada lista. Sem mais delongas, seguem outros dez filmes, de 90 a 81.

Vambora!


90.
"A Noite dos Desesperados", de Sydney Pollack
(EUA, 1969)

Encerramos a primeira parte da lista com "O Salário do Medo". O tema aqui é o mesmo: a exploração da miséria humana. Ou melhor, a miséria humana transformada em um espetáculo (espetáculo de dança, com mirror ball e tudo mais).

89.
"Todos os Homens do Presidente", de Alan J. Pakula
(EUA, 1976)

O quarto poder em um filme de suspense político. Em jogo, está a reputação de dois jovens jornalistas e de uma publicação de peso. O pior, meus amigos, é que é tudo verdade.

88.
"Os Amantes da Ponte Neuf", de Leos Carax
(França, 1991)

Você nunca viu um romance assim, tão diferente e ousado. Um casal de moradores de rua vive uma relação tumultuada de amor... Ou será apenas dependência? Interpretações magistrais de Juliette Binoche e Denis Lavant.

87.
"Traffic", de Steven Soderbergh
(Alemanha/Estados Unidos, 2000)

Steven Soderbergh era a grande promessa do cinema americano, desde que apareceu, em 1989, com "Sexo, Mentiras e Videotape". Foram mais de dez anos até seu grande filme. Ingênuo, é verdade, mas artisticamente primoroso.

86.
"Repulsa ao Sexo", de Roman Polanski
(Inglaterra, 1965)

Roman Polanski é mestre nos caminhos intricados da loucura. Em "Repulsa ao Sexo", a personagem de Catherine Deneuve vive uma mulher aprisionada pela própria mente em um thriller claustrofóbico de meter (muito!) medo.

85.
"Violência Gratuita", de Michael Haneke
(Áustria, 1997)

É fácil dizer que a violência das ruas é, em parte, uma conseqüência direta dos filmes, da televisão, dos vídeo-games. Aqui a tese é outra: a violência dos filmes, da televisão, dos vídeo-games só existe e é explorada porque é o que o público quer. Afinal, de quem é a culpa?

84.
"Meu Tio da América", de Alain Resnais
(França, 1980)

O que acontece quando tocamos o sininho? O cachorro fica com sede. E quando homens estão diante de um corte de posições em uma empresa qualquer? Reações animais - e bem pouco racionais - em uma comédia dramática behaviorista.

83.
"Ascensor para o Cadafalso", de Louis Malle
(França, 1958)

Alfred Hitchcock foi e será mestre de gerações e gerações de cineastas. Mas foram os diretores franceses da Nouvelle Vague que mais exaltaram sua arte - e seguiram os seus passos. Esta pequena obra-prima de Louis Malle é o melhor exemplo.

82.
"Sob o Domínio do Mal", de John Frankenheimer
(EUA, 1962)

Os Estados Unidos são o país da neurose, mas também são o país da desinformação oficial. Nem Oliver Stone - para citar um famoso conspiracionista moderno - explorou tão bem o tema quanto John Frankenheimer. Palmas.

81.
"A Viagem de Chihiro", de Hayao Miyazaki
(Japão, 2001)

Um conto moderno - porém tradicional e tão tipicamente japonês - sobre os desafios que a vida impõe a todos durante nossa infância. Enfrentá-los não é uma opção.


E aí? Estão gostando? Em breve, mais dez filmes. Até lá!


(Trilha Sonora: Le Tigre - Feminist Sweepstakes)