On The Boulevard des Capucines

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domingo, abril 27, 2008

Fuck You, Asshole!

Não é qualquer hora que podemos ver, ao vivo, um duelo entre Roger Federer e Rafael Nadal. Valeu a pena acordar mais cedo no domingo cheio de sol... E além do tênis de primeiríssima, valeu por uma visita à banca de jornal mais próxima para comprar uma edição da "Folha de São Paulo". Muito pouco pelas notícias, nada pelos milhares de classificados. Muito pela série de fotos dos astros do cinema, começando, olhem só que coisa, por Marilyn Monroe. Bacana a iniciativa.

Também bacana a iniciativa, mais uma da "Folha de São Paulo", de lançar uma nova revista: "Serafina". Em seu primeiro número, destaques para o texto de Ruy Castro sobre os 80 anos da brilhante Jeanne Moreau, uma das musas da Nouvelle Vague, e para o perfil delicioso, e bem 'feminino', de George Clooney, feito em primeira pessoa por Teté Ribeiro.

Obviamente não serei só elogios. São legais, mas um tanto sem graça.

No caderno "Ilustrada" temos uma nota sobre a estréia da décima temporada de "South Park" na televisão brasileira, cortesia do canal VH1, dos meus preferidos. Quem assina é um tal de Leandro Fortino. Ele escreve "(...) a dublagem em português (...) pode ofender os mais conservadores, por causa da adaptação de termos como 'asshole' (literalmente, buraco na bunda) ou 'fuck you' - que está mais para o permitido 'dane-se' do que para o pesado 'foda-se'."

Seria risível se não fosse idiota, de um moralismo pueril, de um conservadorismo censor de direita. 'Asshole' é uma pessoa estúpida, bem longe da tradução literal. 'Fuck you' é foda-se mesmo. É uma expressão ofensiva sim. E daí? Viva a incorreção política, social e cultural de "South Park".

A você, Leandro Fortino, que espera purificar trabalhos alheios com palavras permitidas, desejo um excelente domingo cristão e dedico o título acima: 'Fuck You, Asshole!'.

(Trilha Sonora: Stevie Wonder - Songs In The Key Of Life)

segunda-feira, abril 21, 2008

Quanta Coisa...

Estou de volta! Depois de merecida folga pós-lista, claro. Durante tão famigerado período, muitas coisas aconteceram. Anotei tudo o que gostaria de comentar nos últimos dias - e sobre os mais diversos assuntos - e agora retorno com várias dessas que batizei sem modéstia alguma de 'pílulas de sabedoria'.

01. Patetices Jornalísticas
Romário, um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro, anunciou o fim de sua carreira. A Globo fez uma festa. Foi entrevistado por Geneton Moraes Neto no Fantástico e por uma mesa redonda no SporTV. O 'baixinho' estava de bermuda e chinelos. Não lembro de ter visto tantos jornalistas, e ao mesmo tempo, fazerem papel de bobos. Ninguém deve dar entrevistas de chinelo e bermuda. É um desrespeito. Ponto final. A cena ridícula me fez lembrar da célebre entrevista de Marlon Brando a Larry King em 1994, onde vemos o apresentador em raro momento de bocó (como a foto acima atesta, teve até beijo na boca). Confira no YouTube. É de chorar... Por falar em choro, que vergonha, hein, Valmir Salaro...

02. A Fórmula Timbaland
Todos os que caem nas garras de Timbaland estouram nas paradas ao redor do mundo. Fato número um. Os mesmos também soam exatamente iguais. Fato número dois. O single de Madonna, '4 Minutes', do álbum 'Hard Candy', é um exemplo. Ao lado da mais famosa marionete de Timbaland, Justin Timberlake, ela decepcionou.

03. A Morte do Asséptico Anthony Minghella
Como diretor, era fraquíssimo. Fazia filmes limpos, bonitos e bem-acabados (não são elogios) seguindo a cartilha da academia de Hollywood. Como roteirista e como produtor, era melhorzinho. Mesmo assim, e com todo o respeito, o cinema perde pouco.

04. A Morte do Conservador Charlton Heston
Ele foi Moisés, Ben-Hur e o homem que enfrentou os macacos inteligentes que herdaram a Terra. Também foi líder da NRA, a National Rifle Association, organização fascista dos Estados Unidos. Mancha indelével em sua carreira, marcada por alguns poucos grandes sucessos.

05. Bacante Censurada
A revista eletrônica 'Bacante', referência em teatro na internet, está promovendo o I Prêmio Bacante AOCA de Teatro e Outros. É uma brincadeira. E muito boa, diga-se de passagem... Pois houve quem não entendeu e prometeu processar seus editores. Que exagero! Além de ser uma piada, não há nada ofensivo a ninguém. No máximo, há uma crítica bem-humorada ao trabalho de alguns.

06. A Ética de 'A Ponte'
'A Ponte' é um documentário sobre a Golden Gate e o fascínio que exerce sobre os suicidas. No ano de 2004, 24 pessoas escolheram um dos cartões postais da cidade de São Francisco para acabar com suas vidas. A equipe do diretor Eric Steel esteve lá por todo esse tempo e conseguiu imagens chocantes, para poucos, reunidas em um filme emocionalmente forte. Seu trabalho foi elogiado mundo afora. Eu gostaria de discutir a ética de tal obra. Fiquei extremamente incomodado com a exploração da miséria humana transformada em espetáculo. As câmeras filmam homens e mulheres em seus momentos finais, de puro desespero, andando para lá e para cá durante longos minutos, olhando para o mar, saltando as grades de proteção e pulando para a morte. Exatamente como as câmeras da National Geographic filmam antílopes atravessando rios e sendo devorados por crocodilos. Apesar de sempre torcer pelos antílopes coitadinhos, sei que nada pode - e deve - ser feito. Não pode haver interferência no registro da natureza. Acho que o caso da Golden Gate é bem diferente. Todas as pessoas que morreram diante das lentes poderiam estar vivas. Mas parece que o filme era mais importante...

07. O Futuro do Cinema 1: 'Avatar'
'Avatar' é o novo filme de James Cameron, o primeiro após 'Titanic', com estréia marcada para 2009. A produção deve trazer várias novidades tecnológicas. Aguardo.

08. O Futuro do Cinema 2: IMAX
IMAX é o velho 75 milímetros, mas bem melhor. O novo Batman teve parte filmada com essa tecnologia, e a custos proibitivos. Vamos ver o que rola...

09. O Futuro do Cinema 3: 3D
A Walt Disney anunciou recentemente que todos os seus próximos filmes - com uma ou duas exceções - serão feitos em computação gráfica (novidade...) e em 3D. Pelo menos mil salas de cinema nos Estados Unidos já estão preparadas para isso. Nada de cenas estapafúrdias com objetos voando em direção à tela e óculos esquisitos de duas cores. O cinema em 3D do futuro será a reprodução exata de nossa visão, com uma perspectiva real e, tudo indica, com óculos mais bacaninhas. Uau.

10. Speed Racer e a Lista dos Piores Filmes
Anita Coli, uma de minhas várias (???) leitoras, sugeriu uma lista dos piores filmes de todos os tempos. Gostei da idéia e comecei até a fazer uns rabiscos. Mas depois de ver o trailer de 'Speed Racer', dos irmãos Wachowski (os mesmos da besteira tripla 'Matrix' - a única coisa que presta nos três filmes juntos é a roupa de couro da Carrie-Anne Moss), resolvi esperar um pouco. Tenho certeza que, assim como todos os 'Matrix', 'Speed Racer' é candidato fortíssimo às primeiras colocações. Medo.


(Trilha Sonora: Judas Priest - Painkiller)

sexta-feira, abril 04, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 10)

Todos lembram da final da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, que terminou com o Brasil campeão? Todos lembram do Galvão Bueno gritando e pulando como se não houvesse amanhã? Agarrado no Pelé? Pois bem. Imaginem Mário Reys ao lado de François Truffaut berrando a plenos pulmões: 'Acabou! Acabou! Acabou!'. É isso mesmo. Acabou. Chega ao Número Um a Lista Mário Reys dos 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos. A vocês que passaram por aqui, muito obrigado. De coração. Não esqueçam de guardar esses filmes com carinho. São todos muito especiais. E sobre isso, em breve terei uma surpresa, cortesia de Daniela Noyori (ela outra vez). Mas vamos lá ao TOP 10!

O que será que vem por aí?


10.
"Cidadão Kane", de Orson Welles
(EUA, 1941)

Preciso dizer alguma coisa? Eu não vou aqui discutir quais razões fizeram de "Cidadão Kane" um filme tão imensamente importante. O fato é que "Cidadão Kane" é sim um filme imensamente importante, e que mudou o modo de fazer cinema. Simples assim.

09.
"A Noite", de Michelangelo Antonioni
(Itália/França, 1961)

Michelangelo Antonioni é o 'poeta da incomunicabilidade'. Os seus filmes retratam a solidão do mundo moderno. Ele foi muito além do 'alone' para tratar do 'lonely', de pessoas que, mesmo acompanhadas, sofrem com esses sentimentos de 'vazio'. As relações humanas, entre homens e mulheres principalmente, nunca foram tão bem exploradas como em "A Noite".

08.
"Lawrence da Arábia", de David Lean
(Inglaterra, 1962)

A obra-prima de David Lean. Um épico de guerra que ultrapassa qualquer barreira de gênero, com o homem em primeiro plano. Eu sou fascinado por "Lawrence da Arábia" há tempos (estou em boa companhia - Steven Spielberg também é). Por sua grandiosidade cheia de motivos, onde nada falta e nada sobra.

07.
"Persona", de Ingmar Bergman
(Suécia, 1966)

Pedro Almodóvar disse uma vez, em uma entrevista qualquer, que daria um braço para ter participado de "A Malvada". Eu daria um braço (e talvez até os dois) para ter participado de "Persona", que considero um dos melhores roteiros de todos os tempos. Meu atual sonho de consumo é um dia ter talento para escrever algo parecido. Ou melhor. Remotamente parecido, bem de longe...

06.
"A Doce Vida", de Federico Fellini
(Itália/França, 1960)

Eu sou obrigado a confessar que estou com algumas dificuldades para escrever sobre esses últimos dez filmes da lista... E sobre "A Doce Vida" em particular. Eu acho que não há muito o que dizer além de que estamos diante do maior clássico do cinema italiano em todos os tempos. E isso não é pouca coisa. Federico Fellini foi bem mais do que um cineasta. Ele foi um artista completo, incomparável.

05.
"Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha
(Brasil, 1964)

O Brasil só foi grande na época do Cinema Novo. Grande de verdade. Nos festivais ao redor do mundo havia alguém sempre esperto para ver os tupiniquins. Entre eles, Glauber Rocha, o melhor diretor que o Hemisfério Sul já conheceu, com lugar garantido entre os dez maiores de todos os tempos. "Deus e o Diabo na Terra do Sol" é o faroeste da fome, o western do sertão que sonha em virar mar. Arrisco dizer que o filme é a obra de arte mais importante produzida aqui no país...

04.
"O Poderoso Chefão", de Francis Ford Coppola
(EUA, 1972)

Francis Ford Coppola criou uma ópera sobre a formação do estado americano. Uma ópera contada (ou cantada) do mesmo jeito que os Estados Unidos nasceram, com o privado e o público vivendo em universos paralelos, sem interferências. A seqüência inicial, na festa de casamento, resume tudo: a alegria à luz do dia contrasta com a violência tramada no escuro dos escritórios.

03.
"2001: Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick
(Inglaterra/EUA, 1968)

Apenas uma pessoa poderia ter adaptado um livro de Friedrich Nietzsche levando sua história para o espaço sideral. E com a tese intacta! Claro. Stanley Kubrick. Ao lado de Arthur C. Clarke, ele mostrou nosso passado (homem macaco), nosso presente (homem propriamente dito) e nosso futuro (super-homem). Somos, assim como na obra de Nietzsche, apenas uma transição entre o 'macaco' e o 'além do homem'.

02.
"O Sacrifício", de Andrei Tarkovsky
(Suécia/Inglaterra/França, 1986)

Antes de iniciar os projetos de seu novo filme, Andrei Tarkovsky descobre que está com câncer, e que vai morrer. Ele faz de seu próprio desespero um canto de amor à vida, com aquele velho fio de esperança para as próximas gerações. Um trabalho de uma leveza incrível, de um lirismo monumental. Os cinemas que exibem "O Sacrifício" não deveriam ter cadeiras normais, mas genuflexórios. Para ver de joelhos.

01.
"Magnólia", de Paul Thomas Anderson
(EUA, 1999)

Coisas estranhas realmente acontecem. E acontecem toda hora. As coincidências não existem. Não podem existir. A partir de linhas como essas, Paul Thomas Anderson escreveu um romance de contos modernos sobre as vidas de todos nós. Vidas que estão ligadas como em um sistema nervoso universal, inseridas em um mundo cada vez mais complexo, repleto de causas e conseqüências inesperadas.


Acabou! Acabou! Acabou! Acho que darei um tempo de listas...


(Trilha Sonora: R.E.M. - Accelerate)

terça-feira, abril 01, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 9)

Estou sentindo falta do Bergman... Deixou mesmo o Almodóvar de fora? Você não é fã do Truffaut? Cadê o Kubrick? E o Antonioni? Vai falar que o Fellini não está em sua lista? Essas e outras perguntas (a maioria delas nunca formulada) começam a ser respondidas hoje. Como dizem por aí, devagar vamos ao longe. E lá vamos nós!


20.
"Intolerância", de David Wark Griffith
(EUA, 1916)

David Wark Griffith fez muito pelo cinema. Todos os seus filmes (e foram mais de 500) poderiam estar aqui, já que moldaram a escrita cinematográfica. Os dois maiores, "O Nascimento de uma Nação", de 1915, e "Intolerância", do ano seguinte, são como um duelo moral interno: o primeiro é a sagração da Ku Klux Klan, uma obra racista e preconceituosa. O segundo, um tributo humilde à tolerância, um espetáculo de expiação pública. Um filme para fazer parte da história da humanidade, para sempre.

19.
"Coração Selvagem", de David Lynch
(EUA, 1990)

David Lynch mergulhou na América real, aquela da vida dupla, da hipocrisia, como nenhum outro cineasta. Apenas a abertura de "Veludo Azul" diz mais que um ramalhete de belezas americanas. Seus filmes são todos perturbadores e desagradáveis. Hoje, ao extremo. E talvez sem propósito. Mas a história de amor de um casal de corações selvagens fica muito além das críticas. Quase 20 anos após seu lançamento, ainda acho que a fortíssima febre que tive logo após a sessão - durou uma semana - foi um efeito de "Coração Selvagem"...

18.
"Toni", de Jean Renoir
(França, 1935)

O cinema moderno foi inaugurado no dia 22 de fevereiro de 1935, estréia de "Toni" na França. O neo-realismo italiano seguiu a cartilha de Jean Renoir. Anos depois foi a vez dos jovens franceses da Nouvelle Vague. E vieram os ingleses do Free Cinema (Lindsay Anderson), os alemães do Novo Cinema Alemão (Rainer Werner Fassbinder) e até os brasileiros do Cinema Novo (Glauber Rocha). As origens do 'novo' estão todas nessa pequena obra-prima, dirigida com talento sobrenatural anos antes de "Cidadão Kane".

17.
"A Noite Americana", de François Truffaut
(França/Itália, 1973)

François Truffaut era um homem de muitas paixões. E suas paixões foram todas parar em seus filmes. A paixão pelas coisas simples da vida está no Ciclo Doinel. A paixão pelos livros está em "Fahrenheit 451". A paixão pelas mulheres está espalhada por seus trabalhos. A por Alfred Hitchcock também. E a paixão pelo cinema está em "A Noite Americana", uma auto-biografia profissional que enche os olhos de lágrimas de qualquer pessoa que, como eu, ama os Beatles e os Rolling Stones mas principalmente Truffaut e Hitchcock. Lindo.

16.
"A Paixão de Joana D'Arc", de Carl Theodor Dreyer
(França, 1928)

A alma humana nunca foi capturada em filme. Mas dois cineastas chegaram bem perto: Ingmar Bergman e Carl Theodor Dreyer. Bergman fez a sua busca por meio dos sentimentos, das relações. Dreyer, pela proximidade mesmo. A câmera em close constante do diretor, implacável, conseguiu gravar algo além das feições. A matéria foi transcendida. Talvez por isso ver "A Paixão de Joana D'Arc" seja uma experiência tão inquietante. Somos nós diante de nós mesmos, sem maquiagem ou efeitos especiais. A atuação de Maria Falconetti como Joana D'Arc é das melhores da história do cinema. Pena que ela tenha abandonado as telas logo após as filmagens...

15.
"O Encouraçado Potemkin", de Sergei Eisenstein
(União Soviética, 1925)

A Guerra Fria do cinema foi travada também entre União Soviética e Estados Unidos. E por diretores que são referência: Sergei Eisenstein e David Wark Griffith. Enquanto o colega americano escrevia a gramática do cinema, o russo estabelecia a montagem como o princípio básico de qualquer filme. Com o domínio da tesoura, era possível fazer mais do que unir duas imagens em uma seqüência lógica: era possível criar uma terceira, interpretativa, e manipular emoções. "O Encouraçado Potemkin" é a defesa de sua tese. E é uma daquelas teses incontestáveis.

14.
"Roma, Cidade Aberta", de Roberto Rosselini
(Itália, 1945)

Foi Roberto Rosselini quem disse que o neo-realismo italiano não era um movimento estético, mas ético. A Itália destruída pela Segunda Guerra Mundial virou cenário de um filme que ajudou a mudar o cinema, que passava a ser então algo mais do que uma mera diversão 'minelista'. Inspirado em Jean Renoir (de "Toni", número 18 da lista), Rosselini dispensou filtros e luzes para filmar a realidade e nada mais. Um trabalho cru que fez escola.

13.
"Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder
(EUA, 1950)

O título original é "Sunset Boulevard". O título em Português é brilhante. Os deuses que moram no boulevard do crepúsculo são os astros que fizeram a história do cinema mudo, perdidos em melancolia em um mundo que não entendem mais. Um mundo onde não há respeito pela vida humana, onde os mortos falam, onde Hollywood é um 'estado de espírito'. A personagem principal, Norma Desmond, é uma atriz presa na loucura provocado pelo descaso. Norma Desmond é vivida por Gloria Swanson, ela mesma uma atriz imersa em esquecimento, na melhor - a melhor! - interpretação feminina da história do cinema mundial.

12.
"Os Imperdoáveis", de Clint Eastwood
(EUA, 1992)

Clint Eastwood já disse por aí que o faroeste é a única forma de arte tipicamente americana. É difícil discordar... Como quem conhece o gênero e todas as suas ramificações como ninguém, ele subverte as regras do jogo, mistura os mocinhos com os bandidos em diversas tonalidades de cinza e cria um conto (talvez) moralmente reprovável, mas cheio de boas intenções.

11.
"Tudo Sobre Minha Mãe", de Pedro Almodóvar
(Espanha/França, 1999)

A Espanha sofreu anos sob uma ditadura, reprimida, sufocada... Até 1975, quando o crápula Francisco Franco morreu. Tudo o que foi reprimido e sufocado explodiu em uma festa daquelas, especialmente em Madrid: La Movida. O mentor artístico da liberdade sem grilhões foi Pedro Almodóvar. Liberdade sem grilhões quer dizer uma vida leve, sem preconceitos e julgamentos. Uma vida que deveria parecer normal, como a normalidade sutil de "Tudo Sobre Minha Mãe".


Estamos chegando ao fim. Já estão ficando com saudades?

Até breve.


(Trilha Sonora: Shelby Lynne - Identity Crisis)