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terça-feira, abril 01, 2008

Os 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos (Parte 9)

Estou sentindo falta do Bergman... Deixou mesmo o Almodóvar de fora? Você não é fã do Truffaut? Cadê o Kubrick? E o Antonioni? Vai falar que o Fellini não está em sua lista? Essas e outras perguntas (a maioria delas nunca formulada) começam a ser respondidas hoje. Como dizem por aí, devagar vamos ao longe. E lá vamos nós!


20.
"Intolerância", de David Wark Griffith
(EUA, 1916)

David Wark Griffith fez muito pelo cinema. Todos os seus filmes (e foram mais de 500) poderiam estar aqui, já que moldaram a escrita cinematográfica. Os dois maiores, "O Nascimento de uma Nação", de 1915, e "Intolerância", do ano seguinte, são como um duelo moral interno: o primeiro é a sagração da Ku Klux Klan, uma obra racista e preconceituosa. O segundo, um tributo humilde à tolerância, um espetáculo de expiação pública. Um filme para fazer parte da história da humanidade, para sempre.

19.
"Coração Selvagem", de David Lynch
(EUA, 1990)

David Lynch mergulhou na América real, aquela da vida dupla, da hipocrisia, como nenhum outro cineasta. Apenas a abertura de "Veludo Azul" diz mais que um ramalhete de belezas americanas. Seus filmes são todos perturbadores e desagradáveis. Hoje, ao extremo. E talvez sem propósito. Mas a história de amor de um casal de corações selvagens fica muito além das críticas. Quase 20 anos após seu lançamento, ainda acho que a fortíssima febre que tive logo após a sessão - durou uma semana - foi um efeito de "Coração Selvagem"...

18.
"Toni", de Jean Renoir
(França, 1935)

O cinema moderno foi inaugurado no dia 22 de fevereiro de 1935, estréia de "Toni" na França. O neo-realismo italiano seguiu a cartilha de Jean Renoir. Anos depois foi a vez dos jovens franceses da Nouvelle Vague. E vieram os ingleses do Free Cinema (Lindsay Anderson), os alemães do Novo Cinema Alemão (Rainer Werner Fassbinder) e até os brasileiros do Cinema Novo (Glauber Rocha). As origens do 'novo' estão todas nessa pequena obra-prima, dirigida com talento sobrenatural anos antes de "Cidadão Kane".

17.
"A Noite Americana", de François Truffaut
(França/Itália, 1973)

François Truffaut era um homem de muitas paixões. E suas paixões foram todas parar em seus filmes. A paixão pelas coisas simples da vida está no Ciclo Doinel. A paixão pelos livros está em "Fahrenheit 451". A paixão pelas mulheres está espalhada por seus trabalhos. A por Alfred Hitchcock também. E a paixão pelo cinema está em "A Noite Americana", uma auto-biografia profissional que enche os olhos de lágrimas de qualquer pessoa que, como eu, ama os Beatles e os Rolling Stones mas principalmente Truffaut e Hitchcock. Lindo.

16.
"A Paixão de Joana D'Arc", de Carl Theodor Dreyer
(França, 1928)

A alma humana nunca foi capturada em filme. Mas dois cineastas chegaram bem perto: Ingmar Bergman e Carl Theodor Dreyer. Bergman fez a sua busca por meio dos sentimentos, das relações. Dreyer, pela proximidade mesmo. A câmera em close constante do diretor, implacável, conseguiu gravar algo além das feições. A matéria foi transcendida. Talvez por isso ver "A Paixão de Joana D'Arc" seja uma experiência tão inquietante. Somos nós diante de nós mesmos, sem maquiagem ou efeitos especiais. A atuação de Maria Falconetti como Joana D'Arc é das melhores da história do cinema. Pena que ela tenha abandonado as telas logo após as filmagens...

15.
"O Encouraçado Potemkin", de Sergei Eisenstein
(União Soviética, 1925)

A Guerra Fria do cinema foi travada também entre União Soviética e Estados Unidos. E por diretores que são referência: Sergei Eisenstein e David Wark Griffith. Enquanto o colega americano escrevia a gramática do cinema, o russo estabelecia a montagem como o princípio básico de qualquer filme. Com o domínio da tesoura, era possível fazer mais do que unir duas imagens em uma seqüência lógica: era possível criar uma terceira, interpretativa, e manipular emoções. "O Encouraçado Potemkin" é a defesa de sua tese. E é uma daquelas teses incontestáveis.

14.
"Roma, Cidade Aberta", de Roberto Rosselini
(Itália, 1945)

Foi Roberto Rosselini quem disse que o neo-realismo italiano não era um movimento estético, mas ético. A Itália destruída pela Segunda Guerra Mundial virou cenário de um filme que ajudou a mudar o cinema, que passava a ser então algo mais do que uma mera diversão 'minelista'. Inspirado em Jean Renoir (de "Toni", número 18 da lista), Rosselini dispensou filtros e luzes para filmar a realidade e nada mais. Um trabalho cru que fez escola.

13.
"Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder
(EUA, 1950)

O título original é "Sunset Boulevard". O título em Português é brilhante. Os deuses que moram no boulevard do crepúsculo são os astros que fizeram a história do cinema mudo, perdidos em melancolia em um mundo que não entendem mais. Um mundo onde não há respeito pela vida humana, onde os mortos falam, onde Hollywood é um 'estado de espírito'. A personagem principal, Norma Desmond, é uma atriz presa na loucura provocado pelo descaso. Norma Desmond é vivida por Gloria Swanson, ela mesma uma atriz imersa em esquecimento, na melhor - a melhor! - interpretação feminina da história do cinema mundial.

12.
"Os Imperdoáveis", de Clint Eastwood
(EUA, 1992)

Clint Eastwood já disse por aí que o faroeste é a única forma de arte tipicamente americana. É difícil discordar... Como quem conhece o gênero e todas as suas ramificações como ninguém, ele subverte as regras do jogo, mistura os mocinhos com os bandidos em diversas tonalidades de cinza e cria um conto (talvez) moralmente reprovável, mas cheio de boas intenções.

11.
"Tudo Sobre Minha Mãe", de Pedro Almodóvar
(Espanha/França, 1999)

A Espanha sofreu anos sob uma ditadura, reprimida, sufocada... Até 1975, quando o crápula Francisco Franco morreu. Tudo o que foi reprimido e sufocado explodiu em uma festa daquelas, especialmente em Madrid: La Movida. O mentor artístico da liberdade sem grilhões foi Pedro Almodóvar. Liberdade sem grilhões quer dizer uma vida leve, sem preconceitos e julgamentos. Uma vida que deveria parecer normal, como a normalidade sutil de "Tudo Sobre Minha Mãe".


Estamos chegando ao fim. Já estão ficando com saudades?

Até breve.


(Trilha Sonora: Shelby Lynne - Identity Crisis)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O que dizer? Dá vontade de correr pra locadora.

11:34 AM  

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