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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

E Vamos ao Oscar!

E vamos sem cara feia! Nada de querer ser rabugento ou ranzinza. Há tempos a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não fazia uma premiação tão longe de quaisquer críticas negativas. Nos Estados Unidos, hoje, o Oscar reescreve sua marca como referência do que há de melhor no cinema americano, entregando as estatuetas a quem realmente merecia. Tudo óbvio, mas, outra vez, preciso.

Tudo começou já com as indicações, dividindo as nomeações entre os dois melhores filmes do ano (e talvez nem apenas na América): "Onde os Fracos Não Têm Vez" e "Sangue Negro". Você até pode questionar uma ou outra. Mas não vai passar de uma questão meramente subjetiva. Eu, por exemplo, acho que Aimee Mann deveria ter sido indicada ao Oscar de Melhor Canção, por "Arctic Tale", que Paul Dano deveria ter sido indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por "Sangue Negro", filme que também merecia uma indicação para o Oscar de Melhor Trilha Sonora, para Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead. Mas reparem nos "deveria ter sido", nos "também merecia". Perfeito. Toda a discussão é saudável. O fato é que não houve erro.

Como comentei por aqui, estava torcendo para o Paul Thomas Anderson. Mas a vitória dos irmãos Joel e Ethan Coen é excepcional para o cinema. "Onde os Fracos Não Têm Vez" é um filme de diretor, com uma linha de história e linhas e mais linhas em branco para a criatividade. Não há malabarismos, não há barulho, não há estardalhaço. Não há nada que desvie os olhos dos espectadores do que realmente interessa: do cinema. Ou melhor, da arte do cinema, do arte do cinema puro.

Sobre o outro indicado... Eu continuo profundamente afetado por "Sangue Negro". Acredito até que ainda não consegui decifrar alguns momentos, que não entendi algumas das motivações e decisões de Paul Thomas Anderson, principalmente na parte final. Está em minha lista para uma nova visita. Mas a produção é, sim, e sem dúvida, um clássico moderno, que remete ao melhor do cinema americano, aos melhores diretores, de John Ford a Stanley Kubrick. E isso não é pouco. Merece atenção. Estamos diante de um filme único.

Minha única restrição fica mais uma vez para a transmissão brasileira. Até a Rede Globo largar o Big Brother (the horror, the horror...), acompanhei pela TNT, com Rubens Ewald Filho, um 'especialista' que deixa muito a desejar ao vivo. Muito. Quando mudei para a Rede Globo, nada de melhorias. Maria Beltrão - como uma criança mergulhada em um barril de melado - insistia em falar sobre o que não sabe. A atriz Marion Cotillard, de "Piaf", era uma das obviedades da noite. Sua interpretação foi aplaudida em todo o mundo. Ela foi premiada por todos os lugares por onde passou. Mas, para a Rede Globo, a obviedade virou surpresa.

Bem amigos, o pior ainda está por vir... Pior que isso é mesmo ouvir o canastrão José Wilker desfilar sua sabedoria de manual comentando as atuações de Daniel Day-Lewis e Javier Bardem. De um ator, esperamos mais do que a 'precisão da técnica', não é? Pois bem. O canastrão não sabe nada além disso. Sem falar que ele classificou um ou dois filmes de 'tolice'. Tolice, José Wilker, é a sua carreira de mais de 40 anos, e que tem três filmes dignos de lembrança: "Dona Flor e Seus Dois Maridos" - pelo texto magistral -, "Bye, Bye Brasil" - pela direção de Cacá Diegues - e "O Homem da Capa Preta" - pelo próprio tema. Tolice, José Wilker, são as novelinhas vagabundas que o senhor faz interpretando José Wilker. Acorde para a vida...

P.S. Para não encabulá-lo, vou deixar de dizer que tolice, tolice mesmo são os filmecos que você mesmo dirigiu, e que felizmente ninguém nunca ouviu falar. Até com a ajuda do Google é difícil de achar... Que continuem inacessíveis...


(Trilha Sonora: Kate Nash - Made Of Bricks)