On The Boulevard des Capucines

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sexta-feira, maio 09, 2008

Uma Pausa para os Comerciais

Leitores e leitoras. Depois de mais de um ano de muitos elogios e muitas críticas, e com muita participação de todos vocês, chegou a hora de eu descansar um pouco... Anuncio aqui uma folga de três semanas. Voltarei apenas em junho, mas logo na primeira semana. Durante esse período estarei aí, vagando (sem chicote e sem chapéu) por esse mundo sem porteira. Antes, porém, gostaria de deixar um ou outro recado e, claro, uma surpresa, em vídeo.

Vamos lá!

Lígia Vulcano, companheira querida de trabalho, deixou a seguinte frase em seu MSN: o mundo está ao contrário e ninguém percebeu. Está mesmo. Vejam só vocês que o maluquete Tom Cruise pediu desculpas a Brooke Shields pelas pataquadas que havia declarado sobre depressão pós-parto. Também fez um agradecimento a todos os fãs que o fizeram ter essa carreira de enorme sucesso. Ganhou, por enquanto, a possibilidade de voltar para o quarto capítulo da série 'Missão Impossível'. Vai entender...

Do outro lado do planeta bizarro, aquele mesmo, do Super-Homem quadrado, está a atriz - e agora cantora - Scarlett Johansson. Ela acaba de lançar seu primeiro disco: 'Anywhere I Lay My Head'. Eu não sabia bem o que esperar. Talvez algo no estilo J. Lo, um pop sexy e sem maiores consequências. Mas não. Ela interpreta canções de Tom Waits (!!!) em um estilo "Frank Zappa remixado por Massive Attack" (duplo !!!). Um primor. Álbum sofisticadíssimo, de uma artista de verdade e com uma baita de uma personalidade. Diante de suas escolhas no cinema e de sua beleza incomum, longe do padrão Hollywood, não deveria ser uma surpresa tão grande assim, não?

O verão americano chegou cedo. E chegou com a estréia de 'Homem de Ferro', um filme sério, sem os vícios típicos da temporada, feitos para o deleite hormonal dos adolescentes. E teve um excelente início, com mais de U$ 100 milhões no fim de semana de abertura, superando as expectativas dos especialistas - e por uma margem razoável. Essa é a primeira empreitada solo da Marvel como estúdio. Quem ficou até o final dos letreiros - eu fiquei, ainda mais após um alerta do Caju - viu o que vem por aí: uma prévia do longa-metragem dos Vingadores. Antes teremos, como aperitivo, os filmes do Thor e do Capitão América. Prato cheio para quem cresceu lendo histórias em quadrinhos e odiando José de Alencar...

O verão chegou com um fiasco. Ganha um pirulito quem acertar... Como este humilde blog já havia previsto, 'Speed Racer' foi um fracasso, com uma arrecadação pífia de U$ 20 milhões no fim de semana. É muito pouco. Os críticos americanos destruíram o trabalho dos irmãos Wachowski de ponta a ponta. Eu não vou perder meu tempo. Ou melhor. Talvez perca, apenas para listá-lo entre os piores filmes de todos os tempos.

E para encerrar, o verão americano chegou recheado. De todos os blockbusters, não tenho nenhuma grande aposta. Mas tenho um favorito: 'Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal'. Eu sou fã do Indiana Jones. Foi em uma sessão despretensiosa do filme, lá pelos idos de 1984, que me apaixonei por cinema. Meu quarto era lotado de fotos. Sonhava em fazer arqueologia e viajar pelo mundo sendo perseguido por pessoas de má índole. Batizei minha cachorra de Indiana. E, confesso, também morria de inveja de minha belíssima amiga Soraya, que tem o sobrenome mais legal do planeta. Adivinhem só: Jones. :)

Por essas e por outras é que "embedo" aí embaixo o trailer do filme, que abre em todo mundo no dia 22 de maio. A trilha sonora é a mesma: Aimee Mann e seus @#%&! Smilers.

Até a volta!


terça-feira, maio 06, 2008

@#%&! Smilers

'@#%&! Smilers', ou 'Fuckin’ Smilers', é o título do novo álbum de Aimee Mann (lindíssima, ao lado, em foto de divulgação). O lançamento oficial será no dia 03 de junho. Mas, adivinhem, já está dando sopa na internet. Quem fez essa descoberta foi André Palugan, roqueiro alternativo nato (leia o post abaixo...). E foi ele quem me deu esse toque precioso.

Cheers, whore!

Antes de fazer uma análise faixa a faixa, gostaria de indicar a entrevista bacaníssima que Aimee Mann deu para a edição online da revista Vanity Fair. Basta entrar no site e fazer uma busca na seção 'online only'. Ou tentar o Google. Também gostaria de dizer que fui um dos primeiros a encomendar o meu CD na pré-venda. Nada de peso na consciência pelo furo. Vamos agora ao que interessa: Aimee Mann. :)

Para quem é fã, o disco é surpreendente. Acho que vale destacar que conheço o seu trabalho desde que liderava a banda Young Snakes, que fazia o estilo 'pretending to be punk'. Conheço também a obra completa de seu grupo 'Til Tuesday, que estorou na década de 80 com seu pop sofisticado e com seus cabelinhos espetados. E depois veio a consagrada carreira solo, que conheço de ponta a ponta. Sem modéstia alguma, conheço pacas. Por isso mesmo esperava um disco excelente porém previsível, ou sem grandes novidades. Queimei a língua. E adorei queimar.

Como já disseram os Beatles em uma clássica canção, I Should Have Known Better. Depois da ousadia de um álbum conceitual ('The Forgotten Arm', que conta a história tumultuada de amor de John e Caroline em 12 faixas), eu deveria esperar algo além de uma simples seleção de músicas legais. Aimee Mann saiu de sua zona de conforto e arriscou. Não usou guitarras elétricas, abusou de teclados, sintetizadores e moogs, acrescentou cordas e metais, fez refrões pegajosos e ainda cantou em falsete. O resultado é diferente e absurdo de bom. Estou agorinha mesmo em minha quinta audição. E amando '@#%&! Smilers' como nunca. Pelos próximos três meses não pretendo ouvir outra coisa. Mas vamos ser detalhistas...

1. Freeway
É o single. Abre o álbum com uma competência espetacular, para cima, com um refrão para cantar junto a plenos pulmões e uma linha musical repetitiva que não sai da cabeça - e que lembra um pouco 'Cannonball', do Breeders.

2. Stranger Into Starman
Quase uma vinheta. Aimee Mann sendo Aimee Mann, no piano, com acompanhamento de violinos e uma percussão delicada, de fundo, só para dar um clima.

3. Looking for Nothing
Entra de cara na lista de minhas favoritas. Aimee Mann arrisca aqui fazendo um raro falsete, um tanto tímido ainda. Quem diria... Deu muito certo.

4. Phoenix
Uma música mais no seu estilo, acústica, com sintetizadores e cordas apenas para um ar de novidade. Tem um raro 'pápápá', alegre até, daqueles feitos para você acompanhar batendo palmas e com o isqueiro aceso (ou o celular ligado).

5. Borrowing Time
Mais uma de minhas favoritas! Os metais fazem a festa e dão um toque todo especial a essa (outra) canção bem animadinha...

6. It’s Over
Outra acústica, que cresce aos pouquinhos. Aimee Mann ao violão acompanhada por piano e violinos. Ela deixa a timidez de lado e capricha nos agudos, mostrando um alcance anormal para uma voz tradicionalmente mais grave. Linda!

7. 31 Today
Velha conhecida dos fãs! Antes mesmo do single 'Freeway', havia sido lançada no YouTube em um vídeo engraçadinho. Apesar de a letra te fazer pensar e te jogar um pouco para baixo, a música está super de bem com a vida.

8. Great Beyond
A música é parte da trilha sonora do filme 'Arctic Tale'. Tem uma pegada de percussão forte, porém discreta (só ouvindo mesmo para entender...). Passei o dia todo com ela na cabeça, pensando em pingüins pulando alegres pra cá e pra lá.

9. Medicine Wheel
Não foi por acaso que falei dos Beatles lá em cima. 'Medicine Wheel', que já conhecia de um bootleg acústico, é a 'Let It Be' dos anos 2000. O solo é de chorar. Um primor.

10. Columbus Avenue
Não há nada mais fofo do que Aimee Mann contando 'one, two, three, four' logo no início da canção (obviamente). Uma balada de arrepiar.

11. Little Tornado
Uma outra baladinha de arrepiar. Ao contrário da faixa anterior, é um tanto crua, pesada, sóbria. E mesmo em seus momentos mais líricos, com um assobio delicado mas grave.

12. True Believer
Aimee Mann em seu momento de 'crooner'. O estilo de cantar lembra muito o de grandes intérpretes femininas de décadas passadas. Para não deixar dúvidas.

13. Ballantines
Para fechar, que tal um clima de cabaret? Deliciosa e antológica! Só é triste por ser a última...


(Trilha Sonora: Aimee Mann - @#%&! Smilers)

Uma Ode Blogueira

Já disseram por aí que o impacto da internet sobre a humanidade é maior até do que o impacto da invenção dos computadores. Tudo bem que um não existiria sem o outro... Mas deixando de lado as tecnicalidades, quem duvida? Hoje eu tenho tudo o que sempre quis aqui mesmo, no meu cantinho, em frente à minha máquina, conectado ao mundo. A vida no século 21 é muito mais legal do que era na minha adolescência, lá no século 20, de tanto tempo perdido. Fato.

E aí começamos a pensar em outro impacto, o que é sofrido do outro lado, do lado das grandes empresas de lazer e cultura. A indústria da música, a indústria do cinema, a televisão, os jornais... Com tudo o que eu quero ao meu alcance - cortesia de outras tantas pessoas como nós - será que preciso desses caras? Posso acompanhar uma série de TV simultaneamente com a exibição nos Estados Unidos, e com legendas. Vou esperar alguma alma caridosa trazer a tal série para o Brasil, e cheia de propaganda? Posso baixar um disco qualquer um mês antes de seu lançamento oficial. Vou comprar o CD para deixar na estante? Posso ver um filme antes mesmo da estréia em seu país de origem. E vou pagar ingresso?

A cultura mudou. É encarada hoje como uma espécie de 'bem compulsório', como a saúde ou a educação. Não vamos pagar e pronto! E durma com um barulho desses! Ou os donos do lazer alheio acordam e partem para alternativas inteligentes ou vão morrer na praia. Simples assim. Quer exemplo melhor que a música? O Metallica gritou contra o avanço da internet. Eles reconhecem hoje que foram uns bocós. Elton John falou besteira e virou piada. Bandas como Radiohead e Nine Inch Nails lançam discos de graça e são louvados. Será que perderam dinheiro? Ou fãs? Ou sua credibilidade? I really don't think so...

Tudo isso para louvar os blogueiros que, como a espanhola Lu, mentora do site 'Una Piel de Astracán', livram as obras de museus fechados com cobrança de ingresso. Ela consegue álbuns na íntegra (sabe-se lá como...) e os disponibiliza para download. O trabalho de estréia de Scarlett Johansson, por exemplo, está lá. E um outro, que vai ganhar um destaquezinho especial em breve. Aproveito também para louvar outros amigos que assumem o papel de formadores de opinião - todos somos não? - e divulgam suas idéias por aí: Luciana Ribeiro, Theo França, Ricardo Homsi, Maurício Moreira, Sílvia Mello, Juliana Burger, Maurício Alcântara, Fernanda Corrêa, Paloma Cotes, Mariana Dorin, Simone Iwasso, Camila Alam e tantos outros...


Um viva a todos!


(Trilha Sonora: Aimee Mann - @#%&! Smilers)