On The Boulevard des Capucines

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Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

sábado, junho 21, 2008

Times e Eu: Tudo a Ver

Todos lembram da ‘Lista Mário Reys dos 100 Melhores Filmes de Todos os Tempos’? E de seus objetivos? Bom... Para vocês que acharam que não era lá uma boa idéia, agora tenho o apoio da ‘Times Online’. Os críticos de cinema ingleses resolveram que estava na hora de fazer algo mais radical e inovar os velhos Top 100. Eles fizeram um belíssimo trabalho, nada óbvio, daqueles que despertam paixões fervorosas e raivas descontroladas e geram toneladas de comentários irritantes. Para vocês, leitores do meu blog, não há novidade. Mas vale a lembrança de que eu sofro a limitação física de ser uma pessoa só. Com um grupo de especialistas pensando no assunto, eles foram além do meu radicalismo de butique. “Cidadão Kane”, por exemplo, ficou de fora. Em seu lugar entraram cineastas como Wong Kar Wai, Thomas Vintenberg, Sofia Coppola, Michael Haneke, Satyajit Ray e Michel Gondry. E por aí vai. Vejam cinco exemplos rápidos tirados do meio da lista da 'Times':

97 - POINT BREAK (Kathryn Bigelow, 1992)
* Para quem não lembra, esse é aquele ‘Caçadores de Emoção’, com o Keanu Reeves e o Patrick Swayze.

71 - THIS IS SPINAL TAP (Rob Reiner, 1984)
* Um ‘mocumentário’ de primeira sobre a explosão do Heavy Metal na década de 80.

55 - THE MATRIX (Andy and Larry Wachowski, 1999)
* Ai, ai, ai…

43 - TERMINATOR 2: JUDGMENT DAY (James Cameron, 1991)
* Tem dias que eu acho essa continuação melhor que o original.

40 - THE LIFE OF BRIAN (Terry Jones, 1979)
* Always look on the bright side of life.


E vamos aos dez primeiros:


10 - THE GODFATHER (Francis Ford Coppola, 1972)
* Está lá na minha lista. Espetacular.

9 - ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND (Michel Gondry, 2004)
* Além de ser o queridinho dos descolados e alternativos, Michel Gondry é um baita de um cineasta.

8 - SUNSET BLVD. (Billy Wilder, 1950)
* Também conhecido como “Crepúsculo dos Deuses”. Maravilhoso.

7 - KES (Ken Loach, 1969)
* Esse eu não vi…

6 - VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
* Entre os meus hitchcocks preferidos, é o menos cotado.

5 - THE SHINING (Stanley Kubrick, 1980)
* Vale o mesmo comentário dos hitchcocks.

4 - CHINATOWN (Roman Polanski, 1974)
* Com Roman Polanski em seu auge criativo não tinha para mais ninguém. Fato e ponto final.

3 - ET: THE EXTRA TERRESTRIAL (Steven Spielberg, 1982)
* Minha primeira experiência marcante dentro de uma sala de cinema. Com oito aninhos...

2 – THERE WILL BE BLOOD (Paul Thomas Anderson, 2007)
* Yes! Yes! Yes!

1 – CASABLANCA (Michael Curtiz, 1942)
* Aqui eles apelaram. :)


Para mais controvérsia, visite o sítio.


(Trilha Sonora: The Dresden Dolls - No, Virginia)

quarta-feira, junho 18, 2008

Meu Primeiro Concurso Cultural


Eu estou para casamento assim como Eric Cartman está para o Nintendo Wii... E para não ficar de vez para titio, aproveito o São Paulo Fashion Week - SPFW para os íntimos - para lançar o meu primeiro concurso cultural, e com prêmios e tudo mais!

QUERO CASAR COM A LILIAN PACCE

É muito fácil participar.

Basta fazer papel de cupido, promover as devidas apresentações e torcer para o resultado acabar no altar. Você ganha (além de minha gratidão eterna e de mais uma coisinha ou outra) uma consultoria de moda válida até o fim da união.

Roupas para abafar: muito caras.

Sapatos para arrasar: bem caros.

Acessórios de causar inveja: caros pacas.

Nunca mais errar nos modelitos: não tem preço.


Participem!

Conto com vocês!

Afinal, eu quero casar com a Lilian Pacce. :)



(Trilha Sonora: Gutevolk - The Humming Of Tiny People)

domingo, junho 15, 2008

A Casa do Poeta

Pablo Neruda é um dos maiores nomes da literatura mundial, e em todas as línguas. Vencedor do Prêmio Nobel, o poeta chileno já foi até citado em um episódio dos Simpsons (Bart é um profundo conhecedor de sua obra). É um detalhe que deixa clara a dimensão grandiosa do autor de "20 Poemas de Amor e uma Canção Desesperada" e "Canto Geral". Em Santiago, ele é onipresente. Em uma visita ao Chile, é quase uma obrigação conhecer pessoalmente pelo menos uma de suas três casas. Eu fui a duas: 'La Chascona', em Santiago, e 'La Sebastiana', em Valparaíso. Mas foi a primeira que me derrubou...

'La Chascona', em uma tradução livre, quer dizer 'despenteada'. Era assim que Neruda costumava chamar sua amante, Matilde Urrutia, com quem viveu até morrer, em 1973. Quando a relação foi oficializada, pouco tempo depois da época dos encontros secretos, é que começa a verdadeira história. Uma história que mistura poesia, amor e política. Uma história que você sente na pele ao andar por todos os aposentos da casa, que ainda guarda os móveis, os eletrodomésticos, os pratos, os copos, os talheres e os objetos decorativos reunidos pelo casal durante quase 20 anos. Também estão por lá alguns dos livros que faziam parte de sua biblioteca, alguns de seus manuscritos e alguns dos vários prêmios recebidos. Lá estão o cotidiano de um gênio e a intimidade de um homem.

É de uma emoção indescritível passear por 'La Chascona'. Você vê que mesmo as maiores mentes têm um dia-a-dia bem próximo do que temos todos nós, meros mortais. Durante a caminhada tentava imaginar o que acontecia ali, o que o influenciava, o que o inspirava... A casa preservou esses momentos, hoje para 'viagens' individuais. É assim que somos obrigados a pensar na criação artística, e como um todo. É assim que somos obrigados a pensar como alguns privilegiados conseguem transcender esse cotidiano banal da vida e transformá-lo em algo para a eternidade, em algo que define nossa aventura. Eu nunca antes havia visitado a casa de um artista brilhante, preservada como um retrato. É uma experiência única.

A foto que ilustra esse post é minha mesmo (obrigado, obrigado). Por razões óbvias, não é permitido capturar imagens dentro de 'La Chascona'. O que você vê por lá é só seu. Eu, por exemplo, guardo comigo essa sensação de 'minha vida de cachorro', de como não sou uma coisa nenhuma apenas diante do universo, mas também uma coisa nenhuma diante de pessoas como Pablo Neruda - e outras tantas. Um sentimento que nada tem de depressivo. Um sentimento que faz com que você entenda um pouco melhor tudo o que rola por aí, faz com que você deixe firmes os pés no chão...


(Trilha Sonora: Francisca Valenzuela - Muérdete La Lengua)

sábado, junho 07, 2008

O Ocaso de um Herói

Vocês já sabem que eu sou fã do Indiana Jones. Mas o herói morreu. Ou melhor. Foi assassinado por esses senhores aí: Steven Spielberg e George Lucas, seus próprios criadores. Bastou um filme - 'Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal' - para destruir toda a mitologia do personagem, que nasceu para ser uma espécie de James Bond da arqueologia.

Há tempos (desde que a 'trilogia' foi encerrada com 'Indiana Jones e a Última Cruzada', em 1989) que todos anseiam por um novo filme. Quase 20 anos depois está aí o resultado final, após uma série de roteiros e mais roteiros que foram e vieram em uma onda de boatos que não tinha fim. Só valeria a pena, disseram Spielberg, Lucas e Harrison Ford, com uma história forte nas mãos. É absurdo imaginar os textos que foram jogados pela janela em benefício da besteira que acabou indo para as telas. E besteira é pouco: porcaria mesmo.

A história de 'O Reino da Caveira de Cristal' poderia ter sido escrita por Erich Von Däniken para a sequência de 'Arquivo X'. Vamos relembrar e viver? Em 'Os Caçadores da Arca Perdida', Indiana Jones busca a Arca da Aliança, onde foram guardados os 10 Mandamentos. No fim, a fúria de Deus elimina todos os malvados. Em 'Indiana Jones e o Templo da Perdição', ele recupera uma pedra mágica e salva um pequeno povoado da Índia. No encerramento, na tal da última cruzada, parte para encontrar o Santo Graal, o cálice que foi usado por Jesus Cristo na última ceia. Aqui também o artefato tem poderes divinos, de vida e morte. Para resumir: a série sempre teve forte apoio em dogmas religiosos.

Agora, com tudo isso em nossas cabeças, é triste que os filmes que afirmaram (em sua ficção) que a Bíblia diz a verdade e que Deus existe joguem tudo isso no lixo para falar que os deuses, puxa vida, que coisa, eram astrounatas. Mesmo com a frase 'os deuses deles' - das civilizações pré-colombianas das Américas - a mitologia é destruída. Ainda estou chocado com a falta de percepção de toda a equipe envolvida. É algo tão estridente que me faz questionar a capacidade de cada um dos nomes que aparecem na tela, mas principamente de Spielberg e Lucas. Spielberg - olhando com olhos bem críticos - não faz nada que preste desde que 'cresceu'. Lucas - olhando com os mesmos olhos - só consegue fazer fortunas por inércia, pela força de suas marcas, como 'Indiana Jones' e 'Guerra nas Estrelas'. Nada a ver com qualidade. Para que qualidade, afinal?

É por causa desse ataque frontal ao cerne da natureza de Indiana Jones que a tentativa de seguir em frente com o filho do personagem - e com Shia LaBeouf - será um novo desastre. Que o herói descanse em paz... E de uma vez por todas...


(Trilha Sonora: Beth Orton - Pass In Time: The Definitive Collection)

domingo, junho 01, 2008

Dois pra Lá, Dois pra Cá

Estou de volta! Após uns dias de descanso, finalmente estou livre de uma preguiça crônica - consequência óbvia das férias - e escrevendo novamente. Como tenho vários assuntos para comentar, vou aos poucos. Antes, uma rápida reflexão. Pela primeira vez viajei para um país da América Latina, o Chile. Em Santiago, tive a impressão de uma cidade imersa em cultura, que vibra com as artes e tem orgulho de seus ídolos, como o onipresente Pablo Neruda, por exemplo. Também fiquei com a impressão de que nós, brasileiros, estamos mesmo muito isolados. Sempre achei isso, na verdade. Mas agora eu senti na pele. A Língua Portuguesa é estranha à América Latina, uma barreira à integração plena da cultura hispanoamericana na América do Sul. Enfim... Em breve prometo falar sobre Pablo Neruda e sobre Los Jaivas, banda mítica de rock progressivo, com mais de 30 anos de atividade.

Mas vamos ao título. Durante a viagem, fiquei quase 100% fora do mundo. Alguns dias depois é que soube da morte de Zélia Gattai, autora de "Anarquistas, Graças a Deus". E no caminho do aeroporto para casa li sobre a morte de Sydney Pollack, diretor de "A Noite dos Desesperados", número 90 na 'Lista Mário Reys dos Melhores Filmes de Todos os Tempos'. Duas notas tristes...

Para compensar, duas notas alegres (e uma nota bônus). O novo álbum de Aimee Mann, '@#%&! Smilers', recebeu cinco (5!!!) estrelas da revista MOJO. Foi chamado de "clássico instantâneo". E uma surpresa de Cannes: a vitória surpreendente de Sandra Corveloni, considerada melhor atriz por seu trabalho em 'Linha de Passe', filme de Walter Salles e Daniela Thomas. Aproveito aqui para dizer que outro brasileiro vitorioso no festival está de volta aos cinemas, em cópias restauradas. É Glauber Rocha e seu espetacular "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro". Imperdível.

Sobre a foto que ilustra o texto. É Kat Von D, que agora lidera o reality show 'LA Ink'. Nada a ver com nada.

Ela só é um absurdo de mulher. :)

Fico devendo minhas impressões sobre o novo Indiana Jones.


(Trilha Sonora: Led Zeppelin - IV)