A produção é antiga e só agora chegou ao Brasil. Mas vamos deixar o atraso para outro pôr-do-sol. “Blonde”, que conta a história de Marilyn Monroe, do nascimento como Norma Jean Baker à morte como o símbolo maior do cinema, está sendo exibida pela GNT. A série é fraca: a produção é de quinta categoria, a direção é sofrível (viciada), o roteiro é um compilado de clichês – daqueles que transformam boatos em verdades* – e os atores são todos de segundo escalão. Todos? Bom... A atriz que faz o papel de Norma Jean/Marilyn Monroe, Poppy Montgomery, é uma bela, belíssima surpresa.
Durante todo o mês passado, a GNT mostrou algumas cenas de “Blonde” em seus intervalos. E durante todo o mês passado, confundi Poppy com Naomi Watts. Entre as duas, eu escolheria Naomi, que está entre as três melhores atrizes da atualidade. Enfim. Poppy é mais conhecida como a agente gatíssima de “Without a Trace”. Gatíssima, mas nem tanto. Para Marilyn Monroe, são anos-luz de distância. Mas cinema também é magia, não é? :)
Poppy está perfeita, principalmente como Norma. Em alguns momentos, impressiona até pela semelhança, que parece não existir, ou estar anos-luz de distância. Aí está a tal da magia, e do talento que ainda não tinha visto na tal agente gatíssima. “Blonde” vale, portanto, pelo desempenho excepcional de Poppy, que passo a olhar com outros olhos a partir de agora. Olhos de fã (de Marilyn Monroe) cativado, conquistado e, digamos, apaixonado.
* Sobre os boatos transformados em verdades. Vamos esclarecer alguns fatos:
1. Sim. Marilyn Monroe nunca conheceu o pai. Sua mãe trabalhou na RKO e ficou mesmo bem maluca.
2. Sim. Marilyn Monroe morou em um orfanato e foi e voltou de casas de famílias diversas mais de 20 vezes. Ela só teve um lar depois de famosa.
3. Marilyn Monroe foi casada três vezes. Dizem que o único homem que realmente a amou foi Joe DiMaggio.
4. Marilyn Monroe era bipolar, em uma época onde a doença não existia e, portanto, não poderia existir diagnóstico e não poderia existir tratamento.
5. Marilyn Monroe engravidou duas vezes e sofreu dois abortos.
6. Marilyn Monroe foi notada pela primeira vez por um fotógrafo enquanto trabalhava no esforço de guerra dos Estados Unidos. Suas imagens passaram pelas mãos de milhares de soldados e causaram furor. Pelo menos três departamentos militares diferentes elegeram Marilyn Monroe (ainda Norma Jean) a mulher mais bonita e desejável. Um dos departamentos a elegeu como a única pessoa capaz de derreter o Alaska (meu título favorito).
7. É uma besteira ofensiva falar que Marilyn Monroe teve de dormir com produtores para conseguir seus primeiros papéis. Eu não acredito, mesmo que possa ser verdade. Sua ascensão foi lenta, gradual e absolutamente natural.
8. Marilyn Monroe adorava ler. Tinha mais de 200 livros em sua biblioteca particular, de autores como Rilke, Milton, Whitman, Emerson e Tolstoi. Estudou literatura na Universidade da Califórnia. Nada mal para uma “loira burra”, não é? Antes de falarem isso dela a próxima vez, tentem achar nas estantes de suas casas livros de Rilke, Milton, Whitman, Emerson ou Tolstoi.
9. Claro! Era inteligente e esperta. Só aceitava trabalhar com diretores de inegável talento. Procure por aí a lista de cineastas que Marilyn Monroe escreveu para os seus agentes com a instrução “trabalho apenas com esses aqui”.
10. Sim. Marilyn Monroe teve um caso tumultuado com John Kennedy e, sim, com Bob Kennedy também. Qualquer dia falo mais sobre a minha teoria para a sua morte.
11. Sim. Sua casa foi grampeada por mafiosos liderados por Sam Giancana.
12. Era uma atriz fantástica. Seu trabalho em “Os Desajustos”, de John Huston – que nunca mais esqueceu do teste de Marilyn Monroe para “O Segredo das Jóias” –, fica fácil entre as 10 melhores atuações femininas da história do cinema. Em seu funeral, quem leu um memorial emocionado, repleto de elogios a seu talento, foi Lee Strasberg. E isso diz tudo...
13. O nome “Marilyn Monroe” aparece 16 vezes neste post. Ops. 17.
(Trilha Sonora: Arctic Tale – Original Soundtrack)