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domingo, agosto 12, 2007

Que Mundo é Esse?

A imprensa divulgou na última semana que o ator mais rentável do cinema americano é... Matt Damon! A cada dólar investido em seu salário, voltam U$29 (renda bruta). Fazendo um conta rápida e intuitiva - descontando impostos e custos com distribuição e exibição, por exemplo - diria que para cada dólar, retornam uns U$10 ou U$12. Talvez menos. Razoável.

Há bem pouco tempo, o ator dos U$100 milhões em Hollywood era Tom Hanks, dono de talento e competência inquestionáveis. Mas Matt Damon? Ele apareceu meio que de repente, e logo com um Oscar, como melhor roteirista por "Gênio Indomável", filme em que dividiu a caneta com Ben Affleck e a tela com Robin Williams, sob a direção de Gus Van Sant. Seu trabalho, desde então, é apenas razoável. É um daqueles profissionais que não comprometem uma produção (na maioria das vezes - em "Os Infiltrados" ele está patético), mas que também não ajudam. Eu não lembro de ter visto nenhuma grande atuação.

Vamos pensar um pouco mais sobre a notícia. Matt Damon trabalhou na trilogia "Homens e um Segredo", e ao lado de Brad Pitt e George Clooney. Foram três produções de orçamento "modesto", com pagamentos camaradas, e de boas bilheterias. Mas, cá entre nós, alguém comprou ingresso para ver Matt Damon? Duvido muito. Ele é também o ator principal da série de ação "Bourne", surpreendentemente bem aceita pelo público em geral. Temos também, como já comentado, "Os Infiltrados", que ganhou fôlego com os prêmios políticos que recebeu.

Acho que o número faz parte de uma daquelas estatísticas burras - e frias - de matemáticos calculistas. Um resultado sem análise, um dado sem informação. Bom para Matt Damon, sem dúvida. Para nós, é estranho. Eu não quero um mundo onde Matt Damon é o ator mais rentável, onde um bobo caricato como Miguel Falabella é respeitado - essa eu nem comento -, onde a aeróbica Ivete Sangalo é considerada uma grande artista e onde um bando de gente sem talento - de Piovanis a Dolabellas, de Hiltons a Richies - vira celebridade da noite para o dia. Tô fora.

(Trilha Sonora: Madredeus - O Porto)

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Devem entrar nessa conta os 3 filmes da série "Ocean", sim (deliciosos filmes da categoria "vigaristas" -- ainda não vi o terceiro). Ali o que importa é ser dirigido por Soderbergh (meu diretor americano contemporâneo favorito, aliás) e o clima de festa de amigos, patente no segundo filme. Cachês relativamente baixos melhoram a contabilidade a favor de Damon. Afinal, Julia Roberts vendeu sua alma de bom grado a Soderbergh quando este a alçou ao Oscar. Ela topa fazer qualquer coisa com ele, inclusive o inexplicável "Full Frontal". E Bruce Willis até topou fazer Bruce Willis!

Então, é possível que o retorno financeiro sobre Damon, vistos apenas os números e não a companhia estelar, compense com folgas.

A mulherada consumiu Bourne porque Matt Damon -- o genro que toda mãe de moça quer -- apareceu saradão, e são "action flicks" relativamente baratos, temperados de romance, sem muita encrenca. O primeiro é legal, o segundo uma confusão, e vem aí o terceiro...

Enfim. É ator de ocasião, sem o problema da super-exposição de um Tom Hanks, e sempre com a aura atraente de "menino" quando confrontado com os grandes heart-robbers do cinema, Brad Pitt e George Clooney -- sacada que Soderbergh teve e explorou à exaustão no roteiro e na condução de "Doze Homens e Outro Segredo". Mulheres se derretem, bilheterias engrossam. Não sei se você sabe, mas estatisticamente é a mulher que domina o fluxo de bilheteria adulto do mundo -- como mãe, para levar os filhos ver infantis; como namorada, para escolher o filme do casal; com as amigas, para ver o filme com subtexto junguiano que alimenta a sessão de terapia. Homem não vai sozinho ao cinema, infelizmente.

Ufa!

12:09 PM  
Anonymous Anônimo said...

É o velhor embate talento x popularidade. Infelizmente a popularidade na maioria das vezes leva a melhor.

2:11 PM  

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