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domingo, agosto 19, 2007

Ostracismo Cultural

Eu sou contra a pena de morte. E tenho lá minhas dúvidas sobre a prisão perpétua. Mas acho que muitas pessoas tinham mesmo de ser excluídas da sociedade, como o "cineasta" Neville d'Almeida. A sugestão que tenho é que voltemos a adotar a prática do ostracismo. A punição foi criada em Atenas, no ano 510 a.C., para punir políticos que abusavam do poder: se decretada, o culpado tinha de abandonar a cidade-estado por 10 anos, deixando todos os seus bens para trás.

Vamos falar sobre cultura. Neville d'Almeida destruiu o cinema nacional. Ele é, sem dúvida alguma, o maior dos responsáveis pela imagem negativa que o cinema brasileiro tem até hoje, e entre nós mesmos. Quando você ouve alguém falar que filmes nacionais não prestam e que são uma baixaria só, a culpa é dele, dos palhaços do chamado "cinema marginal" e dos imbecis da "boca do lixo". Mas principalmente dele, o pior diretor da história. O que esse pessoalzinho desprezível conseguiu foi acabar com o Cinema Novo, dos mais representativos movimentos da arte cinematográfica em âmbito mundial, e distrair o povo com muito samba, futebol, palavrão e mulher pelada. E isso tudo durante a ditadura militar, o que torna essa aventura não apenas alienante, mas perigosa e irresponsável...

Há tempos participei de um ciclo de palestras sobre cinema nacional. E lá tive a oportunidade de conversar pessoalmente com vários representantes desse período medíocre, como Ozualdo Candeias e Denoy de Oliveira, por exemplo. Eles falavam com orgulho que não estavam interessados em política, que odiavam a idéia central do Cinema Novo, que não suportavam a figura de Glauber Rocha e que faziam filmes de qualquer jeito mesmo. Foram eles que, seguindo a tese do "qualquer jeito mesmo", inventaram o formato 17,5 mm. Bastava pegar um rolo de filme 35 mm e cortar ao meio. Mas não foi apenas o celulóide que eles cortaram ao meio. Foi a mais importante e significativa expressão artística brasileira. Em seu lugar instituíram o orgulho da ignorância: não quero saber do país, quero é depravação! Esse monte de filmecos é que, aos poucos, foi minando o cinema nacional. E por muito pouco a coisa não foi pelos ares de verdade.

Neville, o ignorante-mor dessa turminha, participou recentemente de um festival de cinema brasileiro em Nova Iorque, patrocinado pela Petrobras. Foi lá para tentar vender seu último filme, uma besteira qualquer sobre a herança indígena brasileira. Oxalá seja o último mesmo. Segundo ele, apenas o Brasil tem hoje tribos sofrendo com o avanço do "homem-branco". Sim, claro. Neville foi a Nova Iorque com o filho, com o nosso rico dinheirinho, e, com aquele ar de bufão dos trópicos, fez um discurso sem pé nem cabeça para americanos despreparados. Tive o azar de ver uma parte. Se tivesse um revólver, atiraria na TV.

É isso o que queremos de nosso cinema? O que estamos fazendo com a nossa cultura? Cinema é arte. Cinema é a expressão maior de um povo, da psique coletiva de um país. Cinema é para quem gosta de cinema, para quem ama cinema. Não é para os aventureiros que gostam de ver filmes no fim de semana ou que caem nas faculdades do país sem ter sequer visto "Cidadão Kane". É este o cinema, o cinema-arte, que temos de defender, que temos de discutir e glorificar. Sem deixar de lado o entretenimento, o choro fácil, o riso solto. Só não vamos confundir tudo. Como já disse aqui, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E há espaço para tudo e para todos, com exceção dos pseudo-artistas, como o calhorda do Neville.

De volta ao ostracismo, mas em sua vertente cultural. Minha sugestão é exilar Neville d'Almeida. Não por 10, mas por uns 50 anos. Que viva longe das câmeras e da sociedade brasileira. O estrago que ele fez foi grande demais. Basta relembrar "Os Sete Gatinhos", "A Dama do Lotação" (sim, ele também é o responsável pelo desconhecimento público da obra de Nelson Rodrigues - Neville o transformou em um velho depravado) e "Rio Babilônia", um lixo que não serve nem para a distração de adolescentes com excesso hormonal.

Vamos todos expulsar Neville do país. Neville, você não presta. Seus defensores podem ir junto, agarrados na sua echarpe engomada. Vocês também não prestam.

A foto acima é de Glauber Rocha, o melhor diretor que o Brasil conheceu (admirado em todo o mundo), e que morreu em acessos de loucura pela situação crítica do país. O homem ao seu lado é o mestre Roberto Rosselini. Preciso falar mais?

Está me incomodando muito ter apenas mencionado o nome de Neville d'Almeida. Espero tê-lo ofendido bastante... Por via das dúvidas, vou xingá-lo mais algumas vezes: Neville, você é um imbecil, um calhorda, um ignorante, uma vergonha.


(Trilha Sonora: Sepultura - Chaos A.D.)

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Hehehe Então é por causa desse sujeito que as pessoas da minha geração torcem o nariz ou sentem calafrios sempre que recebem um convite para ver um "filme nacional"? Bom saber a quem mandar a conta da terapia. E mais uma vez parabéns pelo blog Mario. Estou curtindo esse seu resgate semanal (e às vezes até mesmo diário) da história do cinema. Beijos!

7:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

ADORO GENTE QUE ESCREVE COM BILE!!! Esses é que são os bons textos...

7:05 PM  
Blogger Geórgia Damatis said...

Este comentário foi removido pelo autor.

1:56 AM  
Blogger Geórgia Damatis said...

Cinema é arte. vida. Liberdade de expressão.
Para acabar com a "pouca vergonha" dos filmes que a retratam, deve-se antes excluí-la da vida.

1:59 AM  

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