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sábado, novembro 03, 2007

De Palma e Cronenberg

Brian De Palma já foi assunto deste blog. Um tempo atrás disse que não veria “Dália Negra” – ainda não vi – por considerar o diretor uma fraude. Como uma espécie de boa ação, resolvi dar a ele uma nova chance e encarar uma sessão de “Redacted”, o filme que deu ao cineasta o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Veneza (acima) – e que eu critiquei, by the way...

E olhem só! Queimei a língua! “Redacted” é um filmaço, o mais forte registro da guerra insensata dos Estados Unidos contra o Iraque. A produção é surpreendente em todos os sentidos. De Palma nunca (nunca!) falou sobre os males do mundo, nunca (nunca!) demonstrou qualquer consciência política ou social e nunca (nunca!) foi ousado em sua linguagem pessoal. Pois bem... Chegou a hora. Fiquei de queixo caído.

“Redacted” é incômodo, violento e desagradável. O que melhor resume a obra de Brian De Palma é o silêncio sepulcral que tomou o cinema após o fim de exibição. É o tal do silêncio que fez um barulho danado... Imperdível!

Assim como De Palma promove uma mudança radical de postura artística, David Cronenberg parece percorrer o mesmo caminho. O diretor sempre explorou as interferências externas no corpo humano, imperfeito, e literalmente. “A Mosca” é o melhor exemplo. Das interferências externas ao corpo humano, Cronenberg “evoluiu” para as interferências externas à mente humana. Aqui, “Spider” é o melhor exemplo. Em alguns casos, as interferências surgem misturadas, em delírios como “Gêmeos” e “Crash”, até hoje seus melhores trabalhos.

“Marcas da Violência”, com força, pode ser encaixado no tema. “Senhores do Crime” não. Há alguma mudança em curso no cinema de David Cronenberg. Seu novo filme é muito bom, superior ao último, mas perde pela falta de identidade. Resumindo, poderia ser assinado por qualquer um. Eu prefiro o Cronenberg antigo...


(Trilha Sonora: Vanessa Carlton – Be Not Nobody)