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domingo, novembro 12, 2006

Filmes Bons e Filmes Legais

Há uns posts, comentei a morte do cinema e a pobreza dos críticos de hoje em dia. Entre outras afirmações, disse que os atuais só sabem fazer guias do tipo "o melhor do fim de semana nas telas". Mas nem isso... Muitos dos pensadores de nossos dias não sabem diferenciar um filme legal, que é puro entretenimento, de um filme sério, que é uma forma de expressão artística. Aí vemos aberrações como os elogios à filosofia oriental impressa em "O Tigre e o Dragão" e à profundidade das questões da juventude levantadas em "O Homem-Aranha 2". Essas questões existem? Sim. Estão lá nos filmes? Sim. São relevantes cultural ou artisticamente? Não. As obras citadas são, em ordem, um drama explosivo de artes marciais e uma aventura adolescente de tirar o fôlego. São filmes legais. Sim. E ponto final. São bons filmes? Estou aberto a argumentos...

Cinema é arte e/ou entretenimento. Alfred Hitchcock era arte e entretenimento. Ingmar Bergman é arte. George Lucas é entretenimento. Tobe Hooper é entretenimento.

E foi um episódio dirigido por Tobe Hooper para a série de televisão "Masters of Horror" que vi na madrugada de ontem, no FX. "Dance Of The Dead" mostra o mundo após a Terceira Guerra Mundial e as estranhas formas de diversão que surgem em meio ao caos. O resultado é decepcionante. Hooper parece desesperado em parecer moderno, abusando de efeitos gráficos, de enquadramentos não-convencionais e de uma montagem radicalmente rápida. Com a trilha sonora de Billy Corgan, o episódio é como um alucinado clip dos Smashing Pumpkins em raro momento speed-metal. Enfim...

É estranho que Tobe Hooper esteja entre os "Mestres do Horror". Ele surgiu para o cinema em 1974, com o seminal "O Massacre da Serra Elétrica", dos melhores do gênero. Depois, em 1982, dirigiu "Poltergeist", dos mais inteligentes filmes de terror já feitos, escrito e produzido por Steven Spielberg. Anos depois, é óbvio que foi Spielberg quem tomou as câmeras das mãos de Hooper, que não tinha lá muito talento para conduzir esta história sobrenatural.

"Dance Of The Dead" só confirma esta antiga impressão. Tobe Hooper já foi legal...

Na imagem acima, o doentio Robert Englund, o melhor de "Dance Of The Dead".


(Trilha Sonora: Flashdance)