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quarta-feira, novembro 15, 2006

David Lynch X Jean-Luc Godard

Jean Luc Godard é um dos mestres do cinema moderno. Ele foi, ao lado de François Truffaut, o nome mais importante da revolução que mudou o jeito de filmar na década de 60, atacando as super-produções e aproximando as obras da vida cotidiana. Enquanto Truffaut continuou firme na estrada que havia construído, Godard preferiu a busca de novas rotas. Em um primeiro momento, adotou uma visão política bastante incomum aos seus colegas da Nouvelle Vague. Mas, logo depois, as questões socias perderam espaço para discussões sobre o próprio cinema.

E aí Godard fechou seus filmes para o mundo. O hermetismo de seus mosaicos são interessantes para estudantes de cinema, acadêmicos anarquistas e intelectualóides. Foram estes mosaicos que fizeram de Godard um adjetivo, usado até em letras de músicas, e que pode ser traduzido como "chato" ou "incompreensível". Um rótulo que, aliás, contaminou todo o cinema francês. É muito comum em uma roda de bar ouvirmos alguém falar que não gosta de filmes produzidos na França (mesmo sem ter visto ao menos um). A culpa é do Godard. Jean-Luc Godard virou uma caricatura de si mesmo. Ele faz "filmes de Godard".

Na lista de famosas rivalidades, minha posição é bem clara. Entre Coca-Cola e Pepsi, sou Coca-Cola. Entre Beatles e Rolling Stones, sou Beatles. Entre Truffaut e Godard, sou Truffaut.

Falemos de David Lynch. Uma figura das mais interessantes do cinema americano dos últimos anos, autoral como poucos em Hollywood. Mas ele está virando uma caricatura de si mesmo, assim como Godard. Está rolando no YouTube um vídeo com o cineasta fazendo a divulgação de seu novo trabalho: "Inland Empire". Como é a divulgação? Lynch fica sentado em uma esquina de Los Angeles, ao lado de uma vaca e um cartaz com os dizeres "Sem Queijo Não Haveria Inland Empire". A quem pergunta, Lynch responde que "o queijo é feito de leite".

Patético.

Ridículo.

Lynch, assim como Godard, fez uma opção artística: desafiar, afrontar o público com seu cinema, fazer a audiência pensar, entrar em seus sonhos esquizofrênicos. Os exemplos mais claros são "A Estrada Perdida" e "Cidade dos Sonhos", que, apesar de incompreensíveis, são uma experiência única. Mas será que tudo não passou de uma caricatura? De uma forma de chamar a atenção? De uma vaca na coleira? Enfim... Para onde vai a carreira de Lynch?

Com todo o respeito, Sr. Lynch... Largue a vaca e vá plantar batatas!

Acima, o artista fazendo pose (sem a Mimosa).

(Trilha Sonora: Joy Division - Heart And Soul)

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tenho um certo problema com o David Lynch, hehe.

3:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

Cidade dos Sonhos é uma vaca na coleira.

5:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu ADORO David Lynch...E todas as viagens e experiências únicas dele. Achamos algo em que discordar...hehehe. beijos.

6:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

David Lynch para mim é a música de Roy Orbinson, In Dreams. Tanto em Cidade dos Sonhos quanto em A Estrada Perdida, saí do cinema com a sensação de que eram sonhos enigmáticos. E gostei. Gosto dos filmes porque partem do nada e acabam no nada. E ainda assim você sai do cinema com a impressão de que viu uma quase-história porque se lembra dos diálogos, dos personagens - o que é aquele anão medonho que liga para a patrícia arquete?! - de uma trama que não existe. Para falar a verdade o único filme que não gostei dele foi Veludo Azul, com exceção de Roy Orbinson! Achei muito bizarro.

1:50 PM  

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