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domingo, outubro 07, 2007

A Verdadeira Tropa de Elite

Sim. A escolha de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" para representar o Brasil na disputa por uma das vagas ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira ainda gera um vagalhão de críticas - absurdas e injustas - aos jurados selecionados pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. A decisão final, mais uma vez, foi correta, indiscutível, inquestionável. A reação pela exclusão de "Tropa de Elite" é que foi - e continua sendo -, no mínimo, estranha. No mínimo. Porque foi bem mais que estranha. Foi o resultado de uma coação voraz, porém discreta, feita nos bastidores por capangas de um grupinho internacional. A truculência prejudicou a discrição, que será enterrada agora, fato a fato.

Terça-feira, dia 02 de outubro. No fim da noite, pouco antes das doze badaladas, os jurados finalmente recebem o DVD (original) com "Tropa de Elite". Foi o último a ser entregue, obrigando uma sessão maldita, que varou a madrugada.

Quarta-feira, dia 03 de outubro. Antes de sair do hotel, no Rio de Janeiro, por volta das oito horas da manhã, o cineasta Hector Babenco - um dos jurados - atende uma ligação em seu telefone celular. Uma ligação de Eduardo Costantini. Para quem não sabe, Costantini é um jovem milionário argentino e que, por acaso, é sócio dos irmãos Bob e Harvey Weinstein, distribuidores internacionais de "Tropa de Elite". Obviamente, não desejou bom dia e nem perguntou sobre o tempo. Mas exigiu o voto em seu filhote, de olho, claro, nas verdinhas que podem brotar no futuro. Babenco, íntegro, desconversou.

Os jurados são reunidos às 10 horas da manhã. O debate começa cerca de 15 minutos depois, e para ser logo interrompido. Um boato plantado na redação do jornal "Folha de São Paulo", e que voou até o Rio de Janeiro em velocidade espantosa, dizia que se "Tropa de Elite" não fosse escolhido como candidato do Brasil ao Oscar, os produtores entrariam na justiça com um pedido de impugnação. Tudo por causa de um suposto comentário público de Rubens Ewald Filho (também jurado) sobre o filme, o que era visto como uma antecipação de sua decisão. Rubens Ewald Filho, confrontado, afirmou que nunca havia falado nada. E não havia mesmo. Era a segunda parte da intimidação.

O resultado saiu uma hora depois. Entre todos os inscritos, apenas três produções tiveram uma rodada mais séria de argumentação: "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", "Tropa de Elite" e "O Céu de Suely". O último foi defendido pelos jurados Ana Paula Sousa e Leon Cakoff. O primeiro, pelos demais. O do meio, por ninguém. "Tropa de Elite", como cinema, simplesmente não resiste a análises mais cuidadosas. Diante das razões colocadas à mesa, a decisão foi unânime. E aí é que a verdadeira tropa de elite apareceu, e com suas manguinhas de fora.

O trio formado pelos irmãos Weinstein e pelo hermano Costantini já havia manipulado a imprensa carioca, plantado boatos na paulista e coagido jurados. Eles gostaram mesmo da brincadeira de BOPE. Aos três faltaram apenas as fardas com a "faca na caveira". E não é que deu certo? A imprensa covarde e despreparada chegou à coletiva com as armas na mão, pronta para disparar. A primeira pergunta: "por que vocês não escolheram 'Tropa de Elite'?". Não era uma pergunta. Era cobrança. Era o encerramento de uma ampla campanha de constrangimento.

Para os jurados, parabéns pela escolha.

Para "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", boa sorte.

Para a imprensa, uma só palavra: vergonha.

Para a verdadeira tropa de elite, lobby não é coação.


(Trilha Sonora: Beth Orton - Pass In Time: The Definitive Collection)

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Estou chocada Mario! Chegaram nos jurados quase da mesma forma como o Bope chega no morro. Isso só faz com que o "Ano" seja ainda mais merecedor da indicação. Ironicamente o júri fez uma escolha parecida com a do Capitão Nascimento: foi pra guerra ao invés de se omitir ou de se corromper.

10:25 AM  
Blogger Unknown said...

Só uma correção: É Costantini, sem "n" antes do "s". Proprietário da maior coleção de arte moderna latino-americana disposta na Argentina, o que inclui o "Abaporu" de Tarsila do Amaral. Sua coleção é exibida permanentemente no MALBA, uma das paradas obrigatórias de Buenos Aires.

12:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

O blog é ótimo e a nota prima pelo bom jornalismo investigativo, coisa que vem se tornando rara em algumas redações. O problema é que tem gente que insiste em fazer comentários desnecessários, carregados de pedantismo e de um pretenso conhecimento (não só de cinema, mas de qualquer assunto)...irritante...e uma pena...

4:48 PM  
Blogger Ana K. said...

Estou pasma. Parabéns pelo blog, que está cada vez melhor. Parabéns também pelo aniversário dele. Nos vemos na Mostra, beijos!

2:01 PM  
Blogger Unknown said...

E tem gente que visita blog anonimamente para pichar o espaço de comentários com ataques idiotas e sem motivo a pessoas que nem ao menos conhece. Patético.

5:15 PM  
Blogger Fausto Salvadori said...

Babenco, íntegro? O cara que desancou o Brasil numa revista para a Argentina e depois ficou puto quando expuseram suas opiniões canalhas no Brasil (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1409200408.htm)?
Os dados de bastidores são interessantes, mas claramente unilaterais. Lobby todo mundo faz. Ou você acha que a Globo Filmes e a Gullane não pressionaram pelo "O ano"?

7:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

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5:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

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4:52 PM  

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