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quinta-feira, abril 05, 2007

X Marks the Spot

Como Indiana Jones ensinava em suas aulas de arqueologia, um “X” nunca marca o local onde está enterrada uma relíquia. Quem lembra da trilogia, sabe o que acontece logo depois da declaração... Mas o “X” não é apenas historicamente – ou matematicamente – importante. Também é o símbolo de uma lição do que deve e do que não deve ser feito em uma série de televisão.

“Arquivo X” foi o maior sucesso de sua época. Em um fenômeno raríssimo, iniciou um culto de fãs e conquistou uma legião de seguidores, tão fiéis quanto os trekkies. Foram nove temporadas e um longa-metragem, que abriu o sexto ano. E é este filme que estabelece uma série de mudanças emblemáticas...

A série falava sobre a desinformação oficial do governo americano em relação, principalmente, aos discos voadores. Na pele dos espectadores, também vítimas da conspiração, os agentes Fox Mulder e Dana Scully. Já na primeira temporada, é possível conhecer a trama central e obter algumas respostas, mesmo que esparsas. Esta história segue consistente, com novas revelações – até previsíveis – até o tal longa-metragem, onde tudo é finalmente esclarecido.

E algo deu errado... Talvez com medo de uma deserção em massa, a trama central foi ramificada, gerando várias pequenas tramas e uma baita confusão de idéias. O medo da perda de interesse por parte do público não faz muito sentido quando lembramos o mestre Alfred Hitchcock. Em “Um Corpo que Cai”, o mistério é desvendado antes da metade do filme. O foco é alterado – para a reação da personagem de James Stewart – e o suspense continua, intacto. Basta saber fazer.

De “Arquivo X” a “Lost” há um intervalo de quase dez anos. E esta nova série, até pouco tempo a mais comentada do momento, agoniza. Para garantir novas e novas temporadas, os autores, além de não esclarecerem nada, criaram novas dúvidas na cabeça dos espectadores. Hoje alguém dizer o que está acontecendo? Vamos tentar...


1. Seria uma ilha perdida no tempo e no espaço, como poderia sugerir a primeira temporada?

2. Seria a sede da tal “Iniciativa Dharma”? Digamos que sim. Tudo bem. Mas o que é a tal “Iniciativa Dharma”: um projeto psicológico de estudo do comportamento humano (que vimos na segunda temporada) ou um programa de controle da mente por meio de sons e imagens (que aparece na terceira temporada)?

3. Seria uma espécie de base militar controlada pelos “Outros” sem qualquer objetivo palpável?

4. Seria uma alucinação coletiva, ou mesmo individual, de um louco (Hurley), já sugerida em um episódio?

5. Seria uma ilha no estilo Ilha de Páscoa, mas com gigantes de pedra de apenas quatro dedos nos pés (encerramento da segunda temporada)?



Ninguém sabe. E o festival de incoerências e desrespeito ao público continua...


1. No começo era apenas uma (e somente uma!) ilha. Agora já são duas.

2. Onde foi parar o tal monstro mecânico que pontuou a primeira temporada? E afinal, é mecânico ou é só uma “névoa”?

3. E Walt, que materializou um urso polar e era parte importante da trama, que foi embora?

4. O que são os “Outros”? Cientistas? Empresários de um zoológico humano? Há sentido nas fantasias de náufragos, na violência exacerbada e nos esquemas suicidas de infiltração no território inimigo?



Por essas e por outras é que “Lost” virou uma piada. Um seriado em plena decadência, que está perdendo audiência em um ritmo assustador. O erro dos criadores de “Lost” parece ainda mais grosseiro quando lembramos que a série tem apenas uma trama central: a dos sobreviventes perdidos em uma ilha estranha. “Arquivo X” tinha, além da trama central, infinitas tramas paralelas, sem nenhuma conexão com o tema principal. Sua derrocada demorou por tratar da própria desinformação e também por suas válvulas de escape.

Do outro lado da moeda, temos “Heroes”, que começa a ocupar o lugar de “Lost” nos corações e mentes de muitas pessoas. Olhem só quanta diferença. A história de super-heróis mutantes (nenhuma novidade, portanto) teve toda a sua trama revelada em 10 capítulos! Toda a trama em 10 capítulos! Pronto! Agora que você sabe o que está acontecendo, sente no sofá e torça para que eles consigam salvar o mundo. Simples e eficiente.

“Heroes” não apela para truques baratos com o objetivo de amarrar os espectadores. E o melhor! As surpresas continuam. A cada episódio há momentos de suspiros do tipo “nossa”, do tipo “animal” e aqueles em que você vai pular da cadeira ou agarrar em qualquer coisa. Simples e eficiente. Enquanto isso, no meio da terceira temporada de “Lost”, ninguém sabe ainda como foi que Locke ficou paralítico... Terceira temporada.

Conselho de amigo. Se você assiste “Lost”, desista. Vá ver “Heroes”, do pessoal da imagem acima. E depois me conte.


(Trilha Sonora: Amy Winehouse – Back To Black)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Outro ponto pra Heroes: essa temporada, chamada de volume 1, termina neste ano. Não vamos ter que esperar a próxima pra ver o desfecho da trama.

2:53 PM  

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