Veja o Filme e...

...leia os quadrinhos. Antes a frase terminava com a palavra "livro". Mas a avançada tecnologia do cinema moderno permite que as mais loucas criações ganhem vida nas telas. "300" é outro exemplo. Seguindo a linha iniciada por "Sin City", que também surgiu de uma graphic novel de Frank Miller, o filme sobre os bravos soldados espartanos que enfrentam o exército persa em uma missão suicida não é uma adaptação, mas uma transposição de mídias, do papel para o celulóide.

Por isso é idiota a discussão que começou com "Sin City". Era ou não uma (r)evolução? Qualquer pessoa minimamente informada sobre a história do cinema ou que saiba pelo menos as bases da linguagem cinematográfica nem iniciaria o debate. Explico: os quadrinhos nascem do cinema! Leia Will Eisner, criador do Spirit - que por coincidência já está em fase de pré-produção, e a cargo de Frank Miller! - e veja os enquadramentos, os movimentos simulados de câmera, a edição...

Fazer uma transposição de uma história em quadrinhos para o cinema não é uma (r)evolução! É o inverso! É voltar no tempo! É dar um passo atrás! Enfim...

"300" é um filme apenas interessante, que recria o texto original - e os desenhos - com uma precisão assustadora. É, portanto, visualmente arrebatador. Mas poderia ser melhor, se menos artificial. Quando as luzes apagarem, divirta-se, permita-se entrar na proposta, encare a brincadeira e não leve nada muito a sério. Guarde isso para Fellinis, Bergmans e Tarkovskis.

Acima, a capa da belíssima reedição de "300". Nas livrarias.


(Trilha Sonora: Leona Naess - Leona Naess)