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terça-feira, outubro 31, 2006

Vitus

François Truffaut, em uma tarde qualquer, em Paris, resolveu ver - mais uma vez - o filme "Intriga Internacional", de Alfred Hitchcock. Chovia. Na fileira da frente do cineasta francês, sentou-se um homem, meio atrapalhado, esbaforido. Para este homem, o cinema serviu como abrigo da chuva. Nada mais. Começa a exibição. Duas horas depois, quando as luzes foram acesas, o tal homem disse para ele mesmo - em voz alta e com um sorriso nos lábios: "nada mal". Truffaut vibrou. O cinema havia cumprido uma de suas funções.

"Vitus", filme do diretor Fredi M. Murer, conseguiu o mesmo resultado na sessão de segunda-feira, 30 de outubro, no charmoso Cine Sesc. Quando os letreiros começaram a subir, as pessoas se levantaram com um sorriso nos lábios. Eu também sorria (apesar de ter continuado sentado). Vitus é um garoto que sofre pelo fato de ser um gênio. Viveria em completo isolamento não fosse pelo avô, papel de Bruno Ganz, em uma interpretação magnífica. A história, que é contada sem grandes pretensões, cativa pela inocência e simplicidade. O cinema cumpre uma de suas funções.

"Vitus" está entre os selecionados para disputar o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira no ano que vem. Se Pedro Almodóvar não estiver entre os concorrentes - e é óbvio que vai estar -, pode ter alguma chance, já que este é exatamente o tipo de produção que a Academia de Hollywood adora. Quem sabe...

Na foto, o garoto-prodígio Vitus e seu avô.

(Trilha Sonora: Bic Runga - Birds)