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domingo, outubro 15, 2006

Não Verei Dália Negra

(Este post é para Daniela Noyori, a faísca que provocou o incêndio)

"Dália Negra" tem tudo para ser um grande filme. Baseado na obra de James Ellroy, conta a história real de Elizabeth Short, uma mulher que, na década de 40, foi para Hollywood em busca do sonho de ser atriz. Sonho nunca realizado. Beth (como era mais conhecida) conseguiu apenas frequentar festas com alguns poderosos do mundo do cinema. E só. Ela foi brutalmente assassinada. Seu corpo (ou o que sobrou dele) foi encontrado em um terreno baldio. Tinha 22 anos. O caso nunca foi solucionado.

É a história perfeita para a exposição das entranhas da indústria cinematográfica americana. E uma oportunidade rara de recriar a atmosfera noir com toques mais modernos. No papel é, portanto, tudo muito bonito. Não fosse pelo nome de Brian De Palma.

Ele sempre foi considerado o maior discípulo de Alfred Hitchcock, um jovem cineasta que, inspirado pelo "Mestre do Suspense", teria um futuro brilhante. Vejamos.

Seu primeiro filme a chamar atenção foi "Carrie", de 1976, 12 anos após sua estréia, "The Wedding Party". A adaptação do texto de Stephen King é visceral, assustadora e, sim, promissora. Havia, enfim, inteligência no terror. O que viria pela frente?

1980. Brian De Palma lança "Vestida para Matar", que, com eficiência e virtuosismo, traz um pouco do clima de "Psicose", com muita neurose no ar. E neurose com toques atuais, já que envolvia até o medo de contrair doenças venéreas, ou ciprianofobia.

1981. Logo na seqüência de "Vestida para Matar", De Palma surge com "Um Tiro na Noite", que é seu melhor filme até hoje. E como ele encarou bem o sucesso e produziu uma obra assim, tão descompromissada, tão avessa a vôos mais altos! "Um Tiro na Noite" parece o trabalho de um estudante de cinema recém-formado, que viu o que tinha de ver e absorveu as melhores influências possíveis. "Um Tiro na Noite" é "Janela Indiscreta", mas com som.

1983. "Scarface". Atualização violentíssima do clássico de Howard Hawks, era um passo dado em uma outra direção. Apesar dos excessos, ainda não apontava a decadência que estava por vir.

1984. De Palma volta ao suspense com "Dublê de Corpo", que une as histórias de "Janela Indiscreta" e "Um Corpo que Cai". É um filme um tanto irregular, e por ser pretensioso demais. A intenção foi sufocada.

1986. "Quem Tudo Quer, Tudo Perde". Filme que esqueci horas depois de ter visto. O título é, no entanto, profético.

1987. "Os Intocáveis". O trabalho mais aclamado de Brian De Palma, considerado por muitos um dos melhores filmes da década de 80. É mesmo de arrepiar, para o bem.

Vamos ficar por aqui.

Depois de 1987, a lista de filmes de Brian De Palma é mesmo de arrepiar, mas para o mal: "Pecados de Guerra", "Fogueira das Vaidades", "Síndrome de Caim", "O Pagamento Final", "Missão Impossível", "Olhos de Serpente", "Missão: Marte" e "Femme Fatale".

Desafio qualquer um a encontrar um filme nota 5 na lista acima!

O diretor de "Vestida para Matar", "Um Tiro na Noite" e "Os Intocáveis" é o mesmo de "Fogueira das Vaidades", "Síndrome de Caim" e "Missão: Marte"?

Não!

Brian De Palma só é um grande cineasta quando está apoiado nos ombros de gigantes. Quando tenta fazer as coisas de seu jeito fica perdido em seu malabarismo estéril e sua latente falta de criatividade.

E morre a velha teoria de que Brian De Palma é discípulo de Hitchcock, ou de que presta homenagens a grandes diretores. A verdade que seus filmes atuais mostram é que ele só é bom quando rouba idéias de outros. O assassino de "Vestida para Matar" é um "wannabe" de Norman Bates. A personagem de John Travolta em "Um Tiro na Noite" saiu do James Stewart de "Janela Indiscreta". No lugar da fotografia, o som. A personagem de Craig Wesson em "Dublê de Corpo" vem do James Stewart de "Um Corpo que Cai", mas com uma fobia diferente (de acrofobia para claustrofobia). E a seqüência de "Os Intocáveis" na estação de trem de Chicago? É igual à do massacre nas escadarias de Odessa, retratado em "O Encouraçado Potemkin", de Sergei Eisenstein. Até o carrinho de bebê está lá... E não é um tributo! É cópia! É falta de criatividade! É preguiça de ter uma boa idéia, de encontrar uma solução!

Eu desisti de Brian De Palma depois de "Missão:Marte". O diretor que já fez parte da minha lista de favoritos nada mais é do que uma sombra. Pior. Para mim, Brian De Palma é apenas um plagiador de primeira. Ou de segunda.


Sobre a Dália Negra

O nome Dália Negra veio do hábito que Beth Short tinha de usar apenas roupas pretas.

Tem muita gente que diz ter desvendado o mistério. O sítio blackdahliasolution.org, por exemplo, revela que o assassino é um tal de Ed Burns (Ou Marice Clement), um dos amigos favoritos da Dália Negra. Ed teria transformado Beth Short em um cavalo, em uma "Black Beauty", como diz o sítio em uma explicação para a violência do crime (?!).

Há também quem diga que o assassino é Orson Welles (?!).

Encontrei fotos grotescas da Dália Negra, algumas tiradas pela polícia ainda no local do crime e outras da autópsia. Apenas imaginem. Acima, uma foto da bela Beth Short.

(Trilha Sonora: Rose Melberg - Cast Away The Clouds e Portola)

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ainda bem que você é da Brigada. E que eu sou sua amiga.

Beijo e parabéns pelo blógui. Como leiga, será meu guia de consulta.

Dani Noyori

5:57 PM  
Anonymous Anônimo said...

Gosto muito do seu blog apesar de ter achado ¨Babel¨pretensioso em geral coincido com sua opiniões, rs.

Assisti ontem ¨A Dália Negra¨, o filme é ruim, a fotografia é boa e acho que o Brian De Palma ficou sem dinheiro no final do filme: tudo se resolve nos últimos 5 minutos, um saco.

8:25 PM  

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